A tendência para fazer política para os tablóides, para as câmaras e para os microfones, está a vaporizar o contacto pessoal com os eleitores e a repaginar a forma de estar na vida política.
Uma estratégia por vezes aceitável quando consideramos debates e eleições de alcance nacional ou transnacional, mas quando se trata de escrutínio local que razões podem justificar o menosprezo pelo contacto com o eleitor?
As máquinas propangísticas confiam assim tanto no impacto da comunicação social que limitam as acções de rua ao mínimo necessário? Ou será que o discurso político torna-se mais verdadeiro nas colunas de um jornal ou nos frames de uma televisão?
Gerir uma imagem pública é relativamente fácil e, se bem orientada, quase sempre produz efeitos positivos. Gerir uma relação de proximidade com o eleitor é um aspecto totalmente diferente.
A verdade é que apesar da imagem e da relação directa habitarem planos diferentes podem ser conjugados para potenciar as mensagens a transmitir tendo no horizonte a vitória final.
Não precisamos de mais política espectáculo, nem de malabarismos linguísticos, nem de promessas vazias de poder de concretização, nem de meias-verdades que se confundem com sabor a nada...
Um pouco de boa política. É o que se pode pedir nos dias de hoje, nesta altura de crise, neste momento ideal para a verdade, para limar as impurezas.
Para alcançar este desiderato sugiro que seja publicamente assinalado um acordo de cavalheiros entre os políticos e os media. Objectivo: subtrair a mediatização barata à política e adicionar aos políticos a noção de realidade e de bom-senso. Neste acordo de cavalheiros, que deveria ter como observador-juíz a audiência, os media são peça fundamental - dado que ainda gozam de alguma credibilidade junto das massas apesar da convivência nefasta com a classe política - muito por causa da consciência e prática social que faz mover os profissionais dos media.
Cicero de Braga