Tenho a noção de que a situação passou ao lado de muito boa gente ou então que impera uma passividade tão grande que se perdeu a lucidez para repudiar acontecimentos graves como a notícia que a SIC produziu, designadamente aquilo que foi utilizado como imagem.
Como é óbvio não coloco em causa a determinação de que o crime era notícia. É política editorial, que pode ser discutível mas que tem de ser respeitada. Mas, utilizar em toda a peça sobre tão hediondo crime o parlamento regional como imagem de fundo, com os deputados em actividade, é certamente discutível e, a meu ver, uma solução editorial de muito mau gosto, pobre, incompetente e absolutamente nada jornalística. É até ofensivo para a família que perdeu um ente querido.
Faz algum sentido? Claro que não. Aliás, no mesmo bloco informativo onde se deu destaque a situações semelhantes não vi reproduzida a Assembleia da República para o crimes nacionais ou as assembleias municipais dos locais onde se deram os crimes.
A opção editorial foi errada e atesta das mentes pouco iluminadas daqueles que fazem jornalismo sobre a Madeira.
Existe alguém que encontre alguma explicação dentro dos mais válidos cânones editoriais que justifique imagens de um parlamento político como base de um texto sobre um crime? Se encontrarem digam-me, porque, então, preciso de rever a minha percepção positiva que tenho do jornalismo nacional.
Por amor de Deus, uma imagem qualquer de um qualquer ponto da ilha seria aceitável já que não tinham imagens associadas ao crime.
Finalmente, esta situação não será demonstrativa da visão pequena que os continentais têm da Madeira? A Madeira não é o parlamento.
Já agora, seria fundamental que alguém com responsabilidades ao nível do jornalismo actuasse em situações destas.