O equilíbrio com que o jornalista aborda a temática - já longe da paixão dos momentos vividos logo após o rebentar do caso - a forma fácil e simples como escreve, a sinceridade que coloca na obra merece os mais rasgados elogios e a vontade de sugerir a sua leitura a todos os que se preocupam com as questões actuais da comunicação social.
O destaque apaixonado dado pela comunicação social ao desaparecimento da pequena Maddie só não encontra paralelo noutras situações devido ao impacto internacional adquirido, fruto do forte lobby movido por seus pais. Contudo, a edição desenfreada e notícias sobre o caso encontra semelhanças com situações como a ponte de Entre-os-rios, o caso Casa Pia ou a causa pró-Timor.
Logo, a análise efectuada pelo jornalista que admite um certo exagero, apesar de correcta e justa, confirma que a comunicação social continua a manter vícios ao nível da cobertura editorial de eventos extraordinários que dificilmente serão ultrapassados, já que o que dita esses comportamentos, que chegam a roçar o ilógico e o desumano - são as audiências. Neste caso, foram as pressões da imprensa internacional que ditaram o dia-a-dia da comunicação social nacional.
O caso Maddie alerta ainda para a relação dos lobbistas e dos homens da comunicação com a imprensa. Luís de Castro aborda esta questão algo por alto mas deixou o seu claro alerta para a influência dos lobbys altamente profissionais junto de uma comunicação social nacional menos preparada, em particular para situações de crise, nas quais os homens da comunicção ditam as regras e os procedimentos de comunicação, controlando a distribuição de dados. O caso Maddie foi um exemplo paradigmático de como a paixão abafa o rigor...
o *astrisc*