Comunicar pode ser fácil... Se no tempo que a vida nos permite procurarmos transmitir o essencial, desvalorizar o acessório e contribuir, num segundo que seja, para que a mensagem se assuma como tal e não como um universo de segredos...

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Abr 08
Nos últimos tempos, a comunicação social regional tem sido alvo de algumas polémicas, praticamente todas envolvendo a classe política e os partidos.
O PS quer um debate parlamentar sobre o Jornal da Madeira e a actuação do Governo em relação a este título; o PS-M quer ouvir novamente o director da RTP-M no Parlamento regional a propósito de uns números que a ERC divulgou e que contrariaram o que Leonel Freitas disse numa anterior audição; pelo meio consideremos a decisão do PSD de fechar portas à presença da comunicação social no congresso.

O poder e os níveis de impacto que a comunicação social foi atingindo é, sem dúvida, extremamente atractivo, designadamente para os partidos e os políticos que anseiam o poder e o governo da população.

A comunicação social proporciona um amplo e incomensurável campo de comunicação e de transmissão de mensagens, razão pela qual se compreende o recurso – muitas vezes abusivo – aos jornalistas para fazer passar a suas ideias.

A função social e formadora da comunicação social – que a meu ver deviam ser as traves mestras do jornalismo – convida os jornalistas a abordarem, sem medidas, a actividade política, sob os seus diversos prismas, e a divulgar, por dever, aquilo que captam junto da opinião pública. Falamos da nobreza do jornalismo, do seu papel de cidadania e de responsabilidade social.

Os políticos aprenderam a tirar partido desta força/fraqueza dos media e a contribuíram sobremaneira para viciar o jornalismo político que se faz.
São os próprios jornalistas que o dizem: “é um problema endémico da Madeira: televisão, rádio e jornais têm, pelos vistos, obrigação de dar voz aos partidos – haja notícia ou não, e os políticos ainda se queixam”. (Luís Calisto, in Análise, 2 de Maio de 2008).

No mesmo texto, o autor apresenta ainda a solução que certamente quase todos preconizam e poucos assumem a resolução: “é que os telejornais - e os jornais – devem ser espaço de notícia, reportagem, análise, entrevista, dependendo de critérios editoriais desenhados dentro de linhas jornalísticas profissionais e éticos. Não devem ser encarados como nova versão dos tempos da antena… Ora, se os políticos entenderem que têm direito a mais espaço para difundir a sua obra, pois reservem horário para uma, duas, seis horas de emissão por sua conta. Afinal quem é que legisla?.. Mas, deixem lugar para o jornalismo duro e puro”.

Tenho defendido uma revolução a este nível porque sabemos que outras áreas do jornalismo perdem espaço para a política. Infelizmente.
Tenho a sensação de que todos perdem com esta situação: os políticos perdem porque expõem frequentemente os seus erros, já que estes são preferidos pela imprensa; perdem os meios de comunicação porque a opinião pública está cada vez mais farta de politiquices, perdendo audiências e afastando-se dos públicos de futuro; perdem os espectadores, os ouvintes e os leitores, porque não beneficiam da grandeza do jornalismo nem da sua capacidade de informar e forma com grande isenção.

A pequena revolução que defendo passa por um acordo geral entre as partes para a redacção de uma “carta comum” que assegure aos media capacidade de escolha sobre as realidades que podem ser notícia e que faculte aos políticos instrumentos para um aumento da credibilidade que lhes falta junto da opinião pública. É claro que para isso será necessário um grande altruísmo de ambas as partes e uma grande unidade das classes envolvidas em volta dos princípios traçados.

Depois de tudo o que foi dito, quanto à RTP e ao Jornal só uma nota rápida para dizer que é altura de se criar na Madeira um organismo isento de análise a estas situações para afastar os políticos de uma vez por todas das tentações desta luta de poder mediático e para oferecer aos jornalista uma efectiva protecção sobre as pressões de que são claramente alvo. Mais, seria uma organização que sustentada em argumentos técnicos poderia agir junto de ambas as partes para evitar parcerias pouco saudáveis.
publicado por Marco Freitas às 16:53

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