Comunicar pode ser fácil... Se no tempo que a vida nos permite procurarmos transmitir o essencial, desvalorizar o acessório e contribuir, num segundo que seja, para que a mensagem se assuma como tal e não como um universo de segredos...

10
Set 13

 

 

 

 

A situação é curiosa: uns – a CNE – parecem viver ainda no século passado e não se aperceberam da evolução dos meios aos dispor da propaganda e dos partidos e candidatos a cargos públicos; outros – as TV’s, num raro momento de concertação (outras situações mereceriam essa parceria) decidem em prol de critérios editoriais e gestão de quadros que não vão acompanhar a campanha autárquica que decorre antes das eleições de 29 de Setembro de 2013. Um gesto livre mas que simultaneamente se reveste de um tom anti-democrático.

 

Só umas breves dúvidas:

 

1 – E se, de uma forma geral, a campanha de muitos partidos for notícia?

 

2 – Esta opção não estará a negar tempo público aos candidatos menos famosos?

 

3 – Esta medida não estará a incentivar à realização de campanhas mais radicais para chamar a atenção dos media?

 

 4 – À pala desta birra (que tem sentido) com a CNE, as TV’s não estarão a rejeitar o seu papel de ligação com os públicos em geral?

Ouvida algumas das explicações sobre os imensos meios online, com destaque para as redes sociais, como forma de comunicação politica, esta posição das televisões configura uma negação do seu papel de meio de comunicação de massas, afirmando que essa comunicação já é feita pela internet... Ora, o que não é verdade num País como o nosso... Essa desculpa seria aceitável, em particular numas eleições tão locais como estas, se todas as aldeias do País tivessem acesso à internet e aos meios online que a maioria das cidades tem e se os portugueses tivessem capacidade monetária para estar tão acessíveis como fazem crer...

 

Por fim, tenho dúvidas de que este “boicote” se mantenha. Veremos... 

 

 

Link a consultar 

 

Notícia RR: 

Televisões põem-se de fora da campanha eleitoral autárquica

publicado por Marco Freitas às 10:40

09
Set 13

De regresso ao activo, estive a rever um texto rabiscado pelo início de Agosto. Opto por publicá-lo porque no meu entender o tema não perdeu actualidade...

 

 

 

A recente crise política que assolou o País e lançou a dúvida, interna e externa, sobe a nossa capacidade de voltar com competitividade aos mercados deixou patente várias fraquezas do nosso regime político e social.

 

Entre as “vítimas” desta crise - umas mais evidentes do que outras -, está a horde de comentadores que povoa os vários canais de televisão, de rádio e a imprensa portuguesa.

 

Porquê? Porque ao desempenhar o papel de guardiães do status quo não estiveram à altura da situação e revelaram, de forma confrangedora, enorme dificuldade em acompanhar os acontecimentos e comentá-los com a acuidade e perspectiva que se impunha.

 

É óbvio que este embaraço jamais seria amplamente comentado pois seria um sinal de fraqueza que os MCS não poderiam admitir aos seus comentadores. Mesmo assim, em modo surdina, alguns comentadores deixaram sair um desabafo sofre essa mesma dificuldade.

 

Aliás, a impotência e a incongruência  de muitos dos comentadores foi tão evidente que um dos argumentos utilizados amiúde foi de que o que estava a acontecer rompia com as regras e os cânones da política nacional. Como se os tempos vividos hoje fossem um convite à sua manutenção!

 

Tendo em conta que há algum tempo pretendo abordar, ainda que de forma breve, as valias do comentário e dos comentadores para os meios de comunicação social e, em última instância, para a opinião pública, a crise politica e o caos que gerou no mundo mediático criou a oportunidade certa para o fazer.

 

O que assistimos só veio confirmar que esta espécie de mundo complementar das notícias há muito que deixou para trás a naturalidade e a utilidade que sugeria trazer a quem procura mais do que “uma explicação sem perspectiva” dos acontecimentos.

 

Uma questão à qual não consigo ficar alheio pois em tempos fui comentador de actualidade da RTP-Madeira e na TSF-Madeira e articulista em jornais como o Diário de Notícias da Madeira, Jornal da Madeira e Notícias da Madeira, para além colaboração pontual em jornais de Braga. Experiências fantásticas que me proporcionaram um conhecimento próximo desta realidade.

 

A uma escala regional permitiu-me perceber de que forma é que a nossa opinião influencia e o estatuto público e social que a nossa presença assídua como comentador acaba por nos ser atribuída.

 

Aquilo que sabia em teoria e da leitura especializada, foi sendo confirmado paulatinamente, à medida que o meu tempo de exposição mediática crescia, ou seja: o palco dos MCS imputa-nos credibilidade e saber. Cientes disto, tenho dificuldade em entender o comentário irresponsável, injusto e truncado.

 

Há quem aponte para uma profissionalização  do comentário e do comentador mas, sobre este tema sou de opinião, a exemplo de outros, de que há muitas linhas de orientação por definir de maneira a poder-se falar de um comentário profissional, e tendo dúvidas de que essa realidade se concretize, já que na sua maioria os comentadores são profissionais registados e activos noutras funções e actividades.

 

Mesmo assim, concedo que se possa falar de um comentário profissional e não de um comentador, tendo em conta que muitos dos comentadores, por exemplo, de matérias políticas, são excelentes e habituais tribunos nos Parlamentos ou nos seus palcos partidários – razão também porque são convidados ao comentário – estando capacitados para com conhecimento de causa proporcionar perspectivas a uma notícia ou evento politico.

 

Esta proximidade entre a realidade e a oportunidade do comentário chocará com o carácter independentista que os meios de comunicação ou os próprios comentadores advogam.

 

Apesar de muitos comentadores pugnarem pela ideia de que falam por motu proprio e não em nome de um qualquer interesse, basta ver as “fugas de informação” estratégicas de Marques Mendes sobre a politica do actual Governo para perceber que não é bem assim.

 

Haverá sempre um interesse comum que traça lógicas no palco do comentário e opinião mediática, caso contrário o “opinador” guardaria as suas ideias para o seu circulo fechado de amigos.

 

O cenário actual é complexo e introduziu uma forte distorção na realidade noticiosa, em particular quando se vê um comentador a dar notícias em directo nos meios de comunicação social.

 

Distorção agravada porque o comentário não é mais um complemento ou extensão da notícia mas das arenas politica, económica, desportiva e social do País.

 

Se influencia? Claro que sim. Estamos a falar de comentadores que são pessoas bem colocadas, com conhecimento de causa, introduzidas e apoiadas pela credibilidade de um meio de comunicação social.

 

É positivo? Depende do ponto de vista. Penso que foi durante muito anos e que em casos excepcionais ainda o é... Contudo, actualmente, acho que a panóplia de comentadores e de programas de comentários existente só contribui para tornar mais ruidosa a percepção da notícia e das realidades envolventes.

 

A proliferação de programas de debate, com a presença de comentadores residentes e alguns convidados (quase sempre os mesmos) é do meu ponto de vista um mal menor pois potencia o diálogo e não o monólogo características dos comentadores únicos, aos quais lhes é permitido fazer uma gestão das mensagens a transmitir, praticamente sem contraditório imediato. 

 

Creio que a crise que está a atingir com força os media, começará a pedir uma melhor gestão dos custos aos meios de comunicação, com efeitos nos contratos faustosos celebrados com alguns comentadores. Acredito que a tendência será para o recurso a comentadores menos onerosos, talvez tecnicamente mais qualificados, embora menos atraentes e mediáticos para as audiências. Se assim for, o caminho será o da qualidade, com algum impacto negativo nas audiências mas recuperável no futuro, com benefícios para todos. 

 

publicado por Marco Freitas às 10:45

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