Há uma crescente tendência para medir o sucesso das organizações empresariais, políticas e sociais pelo nível de exposição nos media. Tendência ancorada na vivência frenética e volátil dos tempos de hoje e que culmina no culto do (i)mediatismo.
Visto o seu fracasso nas lides políticas, fico surpreendido por ver rendidos à tentação mediática actores do sector empresarial e, pior, da comunicação. Admito, quanto aos segundos, que tal decorra da redoma imposta pela “ciência do marketing” que para sobreviver às sucessivas crises de mercado foi canibalizando outras áreas de intervenção.
Facto: o primado da visibilidade mediática como a panaceia das políticas de comunicação está aí. É a vitória dos que ignoram a história e todo o arsenal de factores que ajudam a construir a vida e sucesso de uma entidade.
A fidelização a uma marca não acontece de um dia para outro e, por isso, não me revejo nas arquitecturas “marketistas”, tendencialmente apontadas para as agendas de reacção emocional e suportadas pelos mass media.
Aceito o papel da comunicação social na edificação de uma ideia mas, introduzindo alguma métrica a esta reflexão, não posso deixar de perguntar: no palco mediático, a partir de que ponto é que se pode considerar que uma organização comunica? Qual dever ser essa medida? A publicação de uma notícia todos os dias durante todo o ano, de 15 em 15 dias, 1 vez por mês? Num só meio ou em todos?
Infelizmente, a ponderação que as análises exigem não se coadunam com o imediatismo do mediático. É que este (i)mediatismo tende a descurar que as decisões da opinião pública, a percepção e a aceitação das mensagens, dependem quase em exclusivo de uma coisa: da coerência entre o que é dito e praticado pelas organizações. E isto não é marketing nem se fabrica na comunicação social.
Marco Paulo Freitas