(artigo publicado no Diário de Notícias da Madeira de 2 de Abril de 2012)
A comunicação social tradicional, tal como hoje ainda a conhecemos, terá os dias contados(!)?
É natural que a maioria dos leitores dedique pouca atenção ao processo de construção das notícias, à envolvente do mercado, às problemáticas dos meios e dos seus diversos profissionais. Tão natural que, também por essa razão, os media alcançaram uma imagem de instituto supra social, imune à subjectividade da rede de pressões. Postura que lhe valeu a alcunha de “Quarto poder”.
Infelizmente, pelo meio, perdeu-se o uso são desse poder para formar, construir e bem informar, limitando através de agendas circulares as escolhas de quem consome notícias.
Eis alguns dados para reflexão:
-Nos EUA, a comunicação social é uma das indústrias com maior queda. Perdeu 28,4% dos seus elementos nos últimos cincos anos. A internet e as publicações online estão a ganhar terreno.
-O Públicoanunciou novo grafismo e nova dinâmica. O objectivo é o de responder à emergência dos tablet e smartphones e à decrescente disponibilidade dos leitores para consumir jornais impressos.
-Newsholde Filmdrehtsich são agora nomes familiares no mundo da comunicação social. São empresas de capital angolano com participações em meios como a Cofina, o Sol, a Impresa, a Tobis. É a confirmação de que os media são cada vez menos nacionais.
-Em 2011, três super grupos de perderam receitas de publicidade: Impresa -11,2%, Mediacapital -8% e Cofina – 9%.
A comunicação social vive agora um novo ciclo porque o paradigma de consumo de informação mudou, ou seja, para se estar informado já não é preciso seguir exclusivamente os media. Por isso, a pergunta que fica é: E o jornalismo?
A mudança será lenta, dolorosa para alguns, mas incontornável. Acredito que aqueles meios que souberem transformar-se em verdadeiras “àgoras” dos nossos dias irão impor-se e que se a notícia voltar à sua origem, isto é, ao lugar onde prevalece a informação, a sociedade continuará a precisar de jornalismo.
Marco P. Freitas