Artigo publicado no Diário de Notícias da Madeira a 2-12-2011
Hoje, 2 de Dezembro, posso afirmar convicto que 2011 foi o ano de todas as indecisões e confusões. Tivemos eleições para todos os gostos e politiquice desmedida, com o correspondente suporte mediático. Chumbaram a política dos PEC’s para abrir portas à Troika e saltaram à vista as dívidas: a pública e das PPP's, das empresas, das famílias e da Madeira. As insolvências subiram em flecha.
À conta disto, o léxico público e mediático mudou, uma mudança colossal, a par com a austeridade monocórdica e com o fim de um paradigma de desenvolvimento mesmo sem a definição clara de um novo...
“Esquizofrenia" foi a palavra escolhida pelo último boletim de Estudos Económicos e Financeiros do BPI para definir o actual estado de coisas. Qualificação simpática se considerarmos a incongruência de um País que diz querer estar nos mercados internacionais mas que fere fortemente os seus mecanismos de atracção de investimento e de ajuda à exportação. A indecisão reinante reflectiu-se ainda na indefinição de muitas economias ditas maduras, na confirmação do progresso mundial a duas velocidades e na gestão política da crise por parte das superpotências. Por razões diferentes, foi o ano da queda de governos: da Grécia, de Portugal, da Itália e de Espanha.
Infelizmente, o mundo da comunicação social não passou ao lado da turbulência. Foram muitos os casos regionais, nacionais e internacionais, cujo cúmulo foram os escândalos do grupo de Rupert Murdoch.
A tendência mediática para exacerbar os acontecimentos e desvalorizar a informação equilibrada, o inebriamento dos actores políticos, económicos e sociais pelo enredo novelístico da informação, alavancado pelas redes sociais, faz de 2011 o ano da superficialidade, das palavras sem actos, das promessas sem resultados.
Marco Paulo Freitas