Portugal vive um momento particularmente estranho: sob a capa de uma aparente estabilidade institucional convive uma instabilidade real, alicerçada em dados económicos difíceis e num quadro político confuso. Nos media tudo é explorado e analisado à exaustão por especialistas, adicionando mais incógnitas ao já debilitado espírito nacional.
Em tempos de conjuntura difícil, as boas notícias devem ser incentivadas, para gerar confiança nos mercados e nos consumidores. Razão pela qual o tema das exportações nacionais deve estar na agenda dos meios de comunicação. Mas, os portugueses merecem mais do que arraiais propagandísticos, como os que assistimos, por impulso partidário, em relação aos indicadores das exportações e à redução da despesa pública de Janeiro.
Apoiemos a aposta na exportação, mas cientes da saúde da nossa economia. E os números são estes: 30,5% é a medida das vendas ao exterior, menos de 1/3 do PIB; as exportações cresceram 15,7% em 2010 só porque 2009 foi um ano muito mau; 37,7% é a medida das importações; 70 empresas concentram 50% de todas as vendas; o número de exportadoras caíram de 24 mil para cerca de 18 mil; o PIB recuou no fim de 2010 para níveis de 2006; Portugal continua a perder posições nos rankings da competitividade e o desemprego nunca foi tão alto. Muitos especialistas pedem o fim dos “custos de contexto” como parte da solução para a economia nacional. Eu começaria por reformatar o enclave partidário nacional através de um processo eleitoral, criando uma nova oportunidade de governação e um futuro para o País assente numa abordagem transparente da realidade que afecta a maioria dos portugueses. Em suma, reconstruir o castelo...
Marco P. Freitas
Consultor de Comunicação
Artigo publicado na edição de 2 de Março de 2011 no Diário de Notícias da Madeira