Comunicar pode ser fácil... Se no tempo que a vida nos permite procurarmos transmitir o essencial, desvalorizar o acessório e contribuir, num segundo que seja, para que a mensagem se assuma como tal e não como um universo de segredos...

26
Jan 11

 

Estas eleições presidenciais e os respectivos resultados deixaram mais questões no ar do que proporcionaram respostas aos intervenientes políticos e eleitores, quer no Continente quer na Madeira. Tivemos muitos candidatos mas uma campanha extremamente pobre no conteúdo, centrada em questões pessoais, na exploração do escândalo, para a qual muito contribuiu a comunicação social.

 

Cavaco Silva foi o vencedor indubitável mas na noite do discurso de vitória, mais do que acalmar os ânimos que se exaltaram na campanha, manteve um sinal de incógnita em relação ao seu relacionamento com aqueles que lhe fizeram oposição na batalha politica.

 

Em termos de partidos, aqueles que apoiaram Cavaco e o PCP podem sentir-se mais satisfeitos com as suas apostas. Contudo, no caso específico do PSD, Pedro Passos Coelho, apesar do seu discurso tranquilo e de estadista, muito dificilmente evitará pensar na melhor oportunidade para forçar a queda de Sócrates.

 

Do lado daqueles que apoiaram Alegre – que deverá aproveitar o mote para ir deixando a politica activa  - as interrogações são maiores.

 

Acho interessante os partidos e os seus líderes afirmarem que não se podem tirar ilações destas eleições para um cenário de legislativas, usando como argumento que o que esteve em questão foi a votação numa pessoa. Se assim fosse jamais um partido se assumiria como apoiante de alguém, impondo disciplina partidária e até cedendo apoio através da sua máquina de propaganda. Mais, também não precisariam de encontrar razões para a derrota para um candidato que não é seu. Honra seja feita, neste caso, ao PCP, que assume na integra a colocação de um candidato e o seu apoio total.

 

Já o PS e o BE têm algumas lições a retirar desta ligação que dizem nunca ter existido. Afinal, o que acontecia era simplesmente que apoiavam o mesmo candidato. O pior, para além da diminuta percentagem que o seu candidato obteve – não tendo alcançado sequer os mínimos da tradicional base de apoio dos dois partidos – é que nenhum deles faz a mínima ideia de qual foi o seu contributo para os quase 20% de Alegre e para quem foi os votos que deviam ter sido seus. É aceitável, no entanto, presumir que foi Fernando Nobre o maior depositário daqueles que não conseguiram entender e aceitar a aliança tácita entre PS e BE, com Alegre no meio. Pelo que, o “grito de vitória” de Nobre, para além de desajustado, muito pouco se ficou a dever à sua campanha. José M. Coelho pode também ter colhido alguns deste votos do descontentamento.

 

Na noite dos discursos, Louça engoliu um sapo muito grande porque o paladino da verdade e o lustroso orador tossiu como se tivesse a garganta seca... Já Sócrates, hábil, tentou dizer que não se passou nada de anormal já que os portugueses confirmaram a regra e deram segundo mandato ao presidente em exercício, levando a crer que esta pseudo-estabilidade deve ser transposta para a legislatura. Até achei interessante a jogada não fosse ela dissonante com a ideia de que não se devem misturar as presidenciais com as legislativas. Lá foi prometendo leal cooperação como se tivesse sido isso o que se passou durante a campanha. Não me recordo de ver um Governo tão envolvido numa campanha presidencial, incluindo o Primeiro-Ministro, através de declarações vagas sobre o candidato Cavaco Silva e as suas mensagens eleitorais. Carrilho e Vitorino não tiveram pudor em lembrar que é óbvio que o PS tem de tirar ilações desta derrota. Carrilho recordou que o partido demorou a decidir que apoiaria e Vitorino sublinhou a segundo derrota consecutiva do partido para eleições presidenciais. Aliás, vistas bem as coisas, depois da maioria absoluta, José Sócrates não teve mais nenhuma vitória eleitoral contundente. Tem sido sempre a descer...

 

Parece que os resultados não foram claros para muitos políticos, comentadores e associados dos adversários de Cavaco Silva. Objectivamente, só houve um vencedor nestas eleições, todos os outros foram derrotados, quer pela votação que tiveram quer pela não cumprimento do objectivos que traçaram para a campanha, sendo o mais evidente o de obrigar à realização de uma segunda volta.

Cavaco ganhou contra as candidaturas negativas... Esse é um facto interessante de realçar. Aliás, nunca cheguei a compreender as opções e as mensagens de Alegre e associados, apesar de acompanhados por especialistas do marketing politico. Desde quando é que um País massacrado pela desgraça, tristeza e desespero, receberá de braços abertos campanhas negativistas e de ataque pessoal? Incompreensível.

 

 

Na Madeira

 

Apesar de se ter tratado de uma eleição nacional há alguns pontos interessantes nas votações registadas na Madeira, com o caso Coelho a tomar a dianteira. A adesão de apoiantes à sua candidatura – que muitos não levaram a sério – e depois a confirmação como candidato foi só o preâmbulo do que se viria a passar.

 

Primeiro, a meia surpresa de Coelho ter ficado à frente de Alegre, segundo, a surpresa de ter vencido três concelhos e ter obtido uma votação estrondosa no global da Região ( e no todo do País). Há ainda uma outra meia surpresa: a baixa votação em Cavaco.

Falo em meias surpresas porque algumas destas eram previsíveis para quem acompanha com atenção a política, para quem escuta atento o que se passa no Região e para quem não ignora o estado de coisas a que chegou o nosso universo partidário.

 

Coelho não foi vencedor, apesar de ter sido uma derrotado com honra. Porém, as suas vitórias parciais e o total na RAM merecem todo o respeito e uma análise ponderada. Mas, também aqui, como no espaço nacional, as interrogações são maiores do que as respostas.

 

Terá sido esta votação uma mera expressão de descontentamento? Com quem: o PSD-M, o PS-M e o BE? Terá sido o efeito de ter um conterrâneo numa eleição nacional? Um voto ocasional de muitos que pensaram que outros jamais votariam em Coelho, somando o impensável? Enfim, ou será a confirmação definitiva de que o fenómeno PND na Madeira já deve ser visto de outra forma, ou seja, para além da habitual palhaçada que fazem brilharete nos media? A este propósito, até que ponto é que a comunicação social continua a funcionar como caixa de ressonância do PND e sua política, hiperbolizando a sua representatividade?

 

Finalmente, onde está e como é que ficaram os partidos que apoiaram Alegre na Madeira? A sangria politica que têm vindo a sofrer terá continuidade? A tal plataforma na convergência terá pernas para andar, agora que o PND poderá querer aventurar-se sozinho?

 

Vamos por partes, sem esquecer a análise ao papel da comunicação social nestas eleições.

publicado por Marco Freitas às 15:50

08
Jan 11

 

 

Traços gerais

 

Na Região Autónoma da Madeira, o mundo da comunicação social continuou a ser assolado pela disputa entre o Diário de Notícias da Madeira e Alberto João Jardim por causa do Jornal da Madeira.

Os principais matutinos tiveram um ano de imenso trabalho, visível a vários níveis, desde as batalhas legais e comerciais às alterações editoriais que foram sofrendo ao longo do ano e às mudanças no campo dos recursos humanos. Nos restantes sectores da comunicação social destaque para a atribulada renovação da RTP-Madeira.

 

Em todo o país, a crise e as dificuldades financeiras das empresas influenciaram negativamente o mercado publicitário, do marketing e das empresas de comunicação.

 

O 20 de Fevereiro também não passou ao lado do mundo da comunicação social. Primeiro ao exigir dos jornalistas um esforço titânico para noticiar a tristeza, a desgraça e o desespero de uma terra assolado pelo inesperado ou de famílias em sofrimento; segundo, numa fase posterior, no âmbito do esforço de recuperação, na colaboração e na promoção de campanhas de comunicação pura de apoio à Região em geral como destino turístico de eleição e como terra necessitada de ajuda social.

 

No espaço nacional, na TV, foi o ano da ETV, um novo canal de TV Online e por Cabo, inovador e criado para um público muito específico, adicionando mais-valias ao grupo Económico. As questões que envolveram a Ongoing foram outro foco de polémica na comunicação social nacional. O mundo de internet foi repleto de novidades, com influência no subsector imprensa, como o caso do lançamento dos IPAD’s e a discussão em volta do impacto dos sites e dos blog informativos devido ao papel do Wikileaks.

 

Cronologia

 

O *astrisco* apresenta uma breve súmula de acontecimentos relacionados com a comunicação social em 2010 procurando demonstrar o actual estado de coisas do sector:

 

-       5 de Janeiro, Diário Económico - O ano começa com uma primeira notícia perspectivando que o mercado publicitário em 2010 iria crescer até 5%, segundo a Carat. Os cortes no investimento seriam liderados pela banca e pelas seguradoras, enquanto que os maiores investimentos serão nas áreas da higiene pessoal, da alimentação e do comércio.

-       8 de Janeiro, Jornal de Negócios  - Dando continuidade à novela do fim do telejornal de Manuela Moura Guedes, ficamos a saber que a gravação da audição da pivot gerou mal-estar na ERC já que dois técnicos da ERC que estavam a instruir as alegações pediram escusa do processo por existirem divergências na forma de registo dos depoimentos de Moura Guedes e Eduardo Moniz.

-       19 de Janeiro, Jornal de Negócios – notícia que dá conta que a maioria dos títulos não pretende aumentar os preços de capa em 2010. A esse propósito, Martim Avillez Figueiredo, director do “I”, cargo que viria a deixar mais tarde em Abril, recordava que era importante ter em conta o impacto da crise nos bolsos dos portugueses e a consequente diminuição do consumo de jornais.

-       No mesmo dia, o mesmo jornal sublinha que Marcelo Rebelo de Sousa está disponível para negociar os seus comentários com o outro canal, na sequência da polémica entre a RTP e a ERC a propósito da sua saída. Com a saída de Vitorino, segundo a RTP, não foi possível encontrar uma solução que permitisse manter o programa de Marcelo sem contrariar as recomendações da ERC. Mais uma saída polémica do comentador, que voltará ao canal com quem anteriormente se incompatibilizara e o censurara. Curioso!

-       22 de Janeiro, Jornal de Negócios – a OPA da Ongoing à TVI mostrava ser uma carga de trabalhos. Desta vez, uma decisão da ERC sobre a OPA parece confundir a Autoridade para a Concorrência. A ERC manifestou-se contra a compra da TVI em 35% deixando todos perplexos e evidenciando o desnorte do sector e das entidades competentes. O negócio só seria possível, dizia a ERC, como se mandasse no mercado, que a Ongoing deveria vender os 23,5% que detém na Impresa.

-       25 Janeiro, Jornal da Madeira – Alberto João Jardim publica artigo de opinião “O problema de certa comunicação social na Madeira”, dando continuidade À saga de 2009 e indiciando o ano atribulado que 2011 seria neste sector na Região. Um artigo onde dá quatro razões para algumas das deficiências da comunicação social na Madeira que faz ataques pessoais a si e à sua politica.

-       27 de Janeiro, Jornal da Madeira – notícia sobre a sucessão na RTP Madeira, onde se lê que há dois candidatos para substituírem Leonel Freitas. Os candidatos apresentados são Ricardo Miguel Oliveira e Luís Faria Paulino.

-       10de Fevereiro, Jornal de Negócios – Lê-se: “ERC obriga Ongoing a provar que sai mesmo da Impresa”. É o título da notícia que aborda as incidências de um processo atribulado, a sua cronologia e revela que a ERC impede a presença simultânea da Ongoing em grupos que têm 75% da publicidade televisiva. Mais, para a Ongoing entra na Media Capital não poderá ter mais de 1% na Impresa, nem mesmo de forma indirecta.

-       3 de Março, Jornal da Madeira – Notícia que revela que a RTP-Madeira terá como terá como Director “administrativo” Martim Santos e como Director de Conteúdos o jornalista Gil Rosa, desfazendo desta maneira uma manancial de informação errada e especulativa em redor do potencial substituto de Leonel Freitas.

-       18 Março, Diário Económico  - O grupo Económico, detido pela Ongoing, anunciou que em Abril arranca  com a Económico TV, online e nos canais 200 e 201 da ZON.

-       24 de Março, Diário Económico – Grupo Lena admite venda do jornal “I”, confirmando o fracasso de ter lançado um projecto em plena crise. Se tivesse resultado, teria lançado as bases para um excelente projecto editorial. A saída de Martim A. Figueiredo foi sintoma de que algo não estava bem com o jornal, apesar de ter ganho prémio de jornal europeu do ano.

-       6 de Abril, Diário Económico – notícia que anuncia a campanha em prol da Madeira, denominada “Este ano eu vou à Madeira”. A campanha  sublinha que a melhor forma de ajudar a Madeira a recuperar do 20 de Fevereiro é viajar até à ilha. Para o efeito junto nomes famosos de Portugal.

-       7 de Abril, Diário de Notícias da Madeira - Ouvido na Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, Santos Silva, afirma que “Apoio do GR ao ‘JM’ “não é compreensível””.

-       15 de Abril, Diário Económico – “Campanha ‘pro bono’ pela Madeira junta 30 figuras públicas” é o título da notícia que recorda como uma conversa iniciada no Facebook se tornou numa campanha para ajudar a Madeira a recuperar do desastre de 20 de Fevereiro.

-       18 de Abril, Diário de Notícias da Madeira – na última página, o DNM publica a reacção do Secretário Regional dos Recursos Humanos a um comunicado publicado pelo DNM sobre o Jornal da Madeira (no dia 15 de Abril). Brazão de Castro, entre outros aspectos, frisa que não é primeira vez que a EDN “pretende encontrar um bode expiatório para justificar medidas contra os seus trabalhadores”. A EDN não deixou de reagir, no mesmo espaço, ao titular dos assuntos da comunicação social regional, recordando que a “a actuação do Governo Regional no Jornal da Madeira viola as leias da concorrência...”

-       25 de Abril, Diário de Notícias da Madeira – notícia que fala do facto da “Imprensa francesa mostra Madeira recuperada”.

-       3 de Maio, Diário de Notícias da Madeira – Celebra-se o dia Mundial da Liberdade de Imprensa, facto que mereceu notícia por parte do DNM que recolheu a opinião do Sindicato de Jornalista sobre o jornalismo. “Questão económica ameaça jornalismo” é o título da notícia.

-       12 de Maio, Diário de Notícias da Madeira – Sob o título “Comissão de sábios cria problemas à RTP-M”, o DNM revela que o conselho de opinião da RTP enviou uma carta à administração do canal posicionando-se contra a criação de uma comissão de acompanhamento estratégico da RTP-M. Uma ideia que na sua essência é extremamente positiva veio a colher muitas criticas. A constituição da equipa é a principal razão.

-       13 de Maio, Jornal da Madeira – O estranho caso da subtracção dos gravadores a jornalistas pelo deputado açoriano Ricardo Rodrigues – um dos casos polémicos do ano mas ainda assim com efeitos mediáticos reduzidos – merece notícia de última página no Jornal da Madeira (isto para além de alguns artigos de opinião antes publicados). O JM dá conta que a Comissão Parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura rejeitou analisar a conduta do deputado. O Sindicato de Jornalista manifestou-se contra esta decisão e revelou que voltará a insistir na matéria. Certo é que com o passar do tempo o assunto caiu no silêncio absoluto.

-       13 de Maio, Diário de Notícias da Madeira – a última página do Diário é preenchida com uma declaração de Luís Calisto que revela as razões para a sua demissão do cargo de director do DNM. Entre muitos outros comentários, L. Calisto imola-se na praça pública defendendo que se a razão dos ataques de Jardim ao DNM muito se deve à sua pessoa, então o melhor é defender o Diário com a sua saída. É um ponto de vista... Que deve ser respeitado.

-       27 de Maio, Jornal da Madeira – com o título “Uma grande ofensa contra a autonomia”, o Jornal da Madeira divulga que os conselhos de gerência e administração dos jornais da Madeira serão chamados à Comissão de Ética da Assembleia da Republica na sequência de um requerimento apresento pelo deputado do CDS/PP da Madeira para analisar a situação da imprensa regional... Como se aquele fosse o lugar mais isento para o fazer. Um debate útil para se fazer mas longe dos interesse políticos que têm alimentado as guerras na comunicação social regional.

-       2 de Julho, Diário de Notícias da Madeira – numa reportagem de duas páginas, o DNM dá reflexo da deliberação da ERC sobre a relação do Governo Regional e o Jornal da Madeira. O DNM sumariza o relatório no título: “ Governo Regional nefasto para comunicação social”.

-       14 de Julho, Diário de Notícias da Madeira – notícia que destaca a intenção do Governo Regional de vender o Jornal da Madeira, uma informação prestada pelo Secretário Regional no âmbito da discussão do Orçamento Rectificativo.

-       28 de Julho, Jornal de Negócios – o futuro do jornalismo foi questionado numa reportagem sobre o impacto do site Wikileaks e no seu poder para mudar as relação dos media com as fontes. Julian Assange, já então estava em destaque... Mas, o fim do ano seria mais animado para o fundador da Wikileaks.

-       31 de Julho, Diário Económico – notícia sobre um previsível pagamento de licença para os serviços de clipping. A ideia é proteger os direitos de propriedade intelectual.

-       2 de Setembro, Diário Económico – Segundo dados da APTC a imprensa económica encetou recuperação e confirma também uma recuperação dos títulos de outra natureza. Em síntese, a crise afecta com menos força a comunicação social.

-       2 de Setembro, Diário Económico – “Visão, RTP e TSF são as marcas de media com melhor reputação”, é o título da noticia baseada na lista da Marktest que apresenta os media mais reputados no nosso País. O Diário Económico lidera na informação económica-financeira.

-       14 de Setembro, Diário Económico – o jornal de economia dá a conhecer que a receita das televisões europeias subiram 10%, outro sinal de que a crise não foi absolutamente madrasta para o sector da comunicação social.

-       14 de Setembro, Jornal de Negócios – Ficamos a saber que Ricardo Costa assumirá a direcção do Expresso em 2011.

-       15 de Setembro, Diário de Notícias da Madeira – Foi o dia em que o Parlamento nacional começou a discutir a comunicação social regional e os problemas causados pelo Governo Regional e o Jornal da Madeira na mesma. O objectivo, segundo, José Manuel Rodrigues era a “obtenção de prova de que há violação das leias de concorrência e que isso pode afectar o pluralismo informativo na Região”.

-       16 de Setembro, Diário de Notícias da Madeira – No âmbito das audições sobre a comunicação social regional na AR, foi ouvida a Administração do Grupo Liberal que acusou o Governo regional de “prática criminosa” com a intervenção que pratica no Jornal da Madeira.

-       17 de Setembro, Jornal da Madeira – “Governo Regional põe ERC em tribunal” revela o jornal alvo de toda a polémica para anular a deliberação da ERC sobre a comunicação social regional e o JM. Na mesma edição outra notícia dava conta da reacção de Jardim que classificou o relatório de tendencioso.

-       17 de Setembro, Diário de Notícias da Madeira – DNM, jornal responsável por despoletar toda a polémica e pela queixa à ERC sobre os apoios do Governo Regional ao JM, anunciava em título: “Deliberação (ERC) veio confirmar denúncias com vários anos”, numa notícia em que dava conta da posição de todos os partidos da oposição na Madeira. O DNM sublinha ainda, noutra notícia, que “Vogal nomeado pelo PSD vota a favor da deliberação da ERC”.  Ainda na mesma edição, largamente dedicada ao tema, o DNM noticia que a Autoridade da Concorrência e a ERC também irão à Comissão de Ética da AR.

-       17 de Setembro, Diário Económico – Também a nível nacional o assunto mereceu destaque em vários jornais tendo o DE noticiado que “Jardim recorre a Tribunal para anular decisões dos reguladores”.

-       17 de Setembro, Diário Económico – Surge movimento anti-privatização da RTP, conforme noticia este jornal: “Socialistas não vão deixar passar privatização da RTP”. O mentor Arons de Carvalho é o mentor do movimento. Concordando com a existência de um meio de comunicação público –e detido pelo Governo – acho de uma absoluta incongruência que os mesmo defensores da RTP assumam que o Estado não possa ter meios impressos.

-       18 de Setembro, Expresso – “ERC é obstáculo à liberdade de imprensa” é o título da notícia que dá conta da demissão de Luís Gonçalves da Silva, acusando a ERC de dificultar a liberdade de imprensa.

-       21 de Setembro, Diário de Notícias da Madeira – comentários de Marcelo Rebelo de Sousa incendeiam ainda mais a luta entre o DNM e o Governo Regional. Em declarações ao DNM o professor diz que “todos têm razão, e ninguém tem razão”, acrescentando, segundo o DNM, que se trata de uma situação anómala em democracia... Afinal, a democracia não é o regime que permite espaço a todos, inclusive a liberdade dos Estados em disporem de meios para comunicar? Não é nesse pressuposto que se manem intocável a RTP? Mais tarde, em comunicado, Alberto J. Jardim vem afirmar que as declarações do comentador foram deturpadas pelo DNM.22

-       22 de Setembro, Jornal de Negócios – a sábia e supra conhecedora do sector ERC é contestada pela Câmara de Famalicão que contesta uma deliberação que fala de indícios de discriminação da autarquia sobre o Jornal de Famalicão na colocação de publicidade. Afinal, ao contrário do que se faz transparecer, não é só na Madeira que a comunicação social sofre de problemas...

-       21 de Setembro, Diário Económico – O sector da imprensa norte-americana procura soluções para garantir a sua sobrevivência. A ideia mais recente está relacionada com um modelo que prevê o preço dos anúncios ajustado aos resultados. A ideia é atrair novos anunciantes. O sistema oferece acordos com base em resultados, isto é: se uma série de anúncios não resultar no aumento de 10% no volume de vendas, a última publicidade da série será gratuita. Fico curioso em saber como se mede a prática de dumping com este novo modelo ou com outros que estão a ser aplicados de forma directa e individual pelos jornais em Portugal. Afinal, há muito que se vende espaço a baixo do preço de mercado... Sem comentários de maior por parte da ERC.

-        22 de Setembro, Diário de Notícias da Madeira – o jornal revela que o DNM será ouvido na AR a propósito do inquérito da comissão de ética para analisar a situação de comunicação social regional.

-       23 de Setembro, Jornal de Negócios – “Administração do DN acusa Jardim de querer liquidar o jornal”, este é o título que este jornal nacional dedicou à inquirição na AR, dando um inusitado destaque ao tema.

-       23 de Setembro, Diário de Notícias da Madeira – como seria de esperar, o DNM deu um forte destaque à presença dos seus representantes na AR, sob o título “Diário em risco”. Em duas páginas descreveram a audição na Comissão de ética, deram destaque a várias vozes politicas sobre o tema.

-       14 de Outubro, Diário Económico – este jornal conclui que as entidades reguladoras (ERC E AdC) não têm poderes para actuar no Jornal da Madeira. Ou seja, apesar de todo o tempo dispendido à volta do tema e da análise à relação do JM com o Governo Regional e vice-versa, das conclusões indiscutíveis a que chegaram, nada podem fazer para alterar a situação e aconselham a via judicial. Pergunto: sendo assim, não teria sido menos dispendioso ter sugerido à partida essa solução, já que certamente tinham a noção das suas limitações?

-       20 de Outubro, Jornal de Negócios – Notícia revela que o investimento do Estado em publicidade representa 10% do mercado. Uma fatia importante que revela o nível de intervenção do Governo no sector da comunicação social.

-       21 de Outubro, Diário de Notícias da Madeira – O presidente do Conselho de Administração da RTP assegurou que a RTP-M continuará a ser canal e garante que no futuro os canais nos Açores e na Madeira não passam a meras janelas informativas, sem produção própria.

-       10 de Novembro, Diário Económico – Com o objectivo de evitar abusos e travar publicidade desleal online Bruxelas decidiu estabelecer novas regras no sector. Os fóruns na internet serão vigiados e está prevista uma nova classificação na publicidade.

-       16 de Novembro, Diário de Notícias da Madeira – a primeira página trás uma notícia soberba para o jornal: o DNM foi eleito Jornal Europeu do Ano, em categoria local, um prémio atribuído pela European Newspaper Award.

-       23 de Novembro, Jornal de Negócios – para fazer face à crise publicitária, o Público anunciou que vai apostar no “mecenato jornalístico” para o financiamento de reportagens. Os contactos mantidos pelo Público com empresas do PSI-20 visa a criação de um fundo para ultrapassar os constrangimentos financeiros do jornal.

-       3 de Dezembro, Diário de Notícias da Madeira – EDN coloca em Tribunal providência cautelar contra o financiamento ao JM.

-       4 de Dezembro, Jornal da Madeira – Governo Regional reage à providência cautelar da EDN na primeira página do JM e sublinha: “A Empresa diário de Notícias, o seu proprietário Michael BLandy e o seu administrador José Câmara têm procurado, por diversas vezes atribuir ao Jornal da Madeira as culpas pelos seus problemas de gestão...”

-       9 de Dezembro – Diário Económico  - “Mercado publicitário cresce 4,9% em 2010 e bate record em 2012”, esta é conclusão do estudo da agência ZenithOptimedia que apontam os mercados emergentes e a Internet com os responsáveis do crescimento mundial da publicidade.

-       10 de Dezembro – Jornal de Negócios  - “PS conclui que Madeira viola liberdade de imprensa”, conclusão inserida no relatório sobre a situação da imprensa na região, após audiências na Comissão de Ética da AR.

-       16 de Dezembro – um relatório da ERC mostrou que o partido da oposição (PSD) está sub-representado no canal 1 e por isso, segundo o título da notícia, o “PSD quer explicações da direcção da RTP sobre a representação do partido no canal”.

-       19 de Dezembro, Diário de Notícias da Madeira – o DNM anuncia que o acesso à sua edição imprensa na NET passa a ser paga a partir de Fevereiro. OS assinantes beneficiam do acesso gratuito.

-       23 de Dezembro, Jornal de Negócios – Estudo da OBERCOM, com base num inquérito aos jornalistas portugueses conclui que “O erro e a falta de rigor são os maiores pecados do jornalismo actual”.

 

 

 

 

publicado por Marco Freitas às 17:14

06
Jan 11

capa_estudo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Forte ausência de jornalismo de investigação” e presença exagerada de sensacionalismo/tablóides e infoentretenimento” são algumas das criticas apontadas pelos jornalistas portugueses num inquérito efectuado pelo OBERCOM sobre os “Desafios do Jornalismo”. O objectivo deste trabalho foi compreender a forma como o jornalista “olha para a sua profissão e para a envolvente”, pode-se ler no site do OBERCOM.

 

A existência de um “jornalismo homogeneizado” e com “pouca profundidade analítica e contextual” são dois aspectos apontados pelos inquiridos como dos mais negativos no jornalismo português.

 

De facto, 71,5% dos jornalistas afirma que as notícias estão cada vez mais cheias de erros e de imprecisões, 74,3% diz que é prestada pouca atenção a assuntos mais complexos e 79,3% assume que a concorrência e as audiências são mais importantes que a relevância jornalística dos acontecimentos.

 

Trata-se de um trabalho muito interessante apresentado pela equipa do OBERCOM que sugerimos como leitura e como análise ao sector, tanto para as pessoas ligadas directamente ao mundo da comunicação social como para aqueles que gostam simplesmente destas matérias.

 

Site OBERCOM

http://www.obercom.pt/content/693.np3#1

 

Estudo sobre “Desafios do Jornalismo”

http://www.obercom.pt/client/?newsId=428&fileName=desafios_do_jornalismo.pdf

publicado por Marco Freitas às 11:50

03
Jan 11



Manda a tradição que no ano novo os votos sejam optimistas e de realização dos melhores desejos e expectativas. Que assim seja!

 

Porém, a responsabilidade impõe uma gestão cautelosa e realística das expectativas. Por isso, indo além do universo caótico de ideias e contra-ideias para solucionar a crise e da centrifugação informativa a que somos sujeitos, há que colocar o enfoque na recuperação da confiança perdida, a vários níveis: nos mercados internacionais, nos sectores empresarial e institucional, junto dos que trabalham e dos que estão no desemprego e procuram oportunidades...

 

Estudos recentes indiciam um estado de letargia nacional que é preciso combater. Por exemplo, a GfK Metris analisou a relação dos anunciantes com as marcas, confirmando o divórcio entre as partes, com os níveis de desconfiança dos consumidores a rondar os 80%. Só 11% dos inquiridos confia nos markteers, um valor que só encontra par nos políticos (8%). Colocados no mesmo cesto da desconfiança, porque lidam com o lado emocional dos cidadãos, influenciando a sua vida através de expectativas que a realidade nega, os inquiridos esperam que ambos os sectores apostem na criação de mensagens de confiança, credíveis, transparentes e explicativas.

 

Tudo isto entronca na ideia de que é preciso recuperar o factor confiança porque, segundo a Marktest, os portugueses continuam pessimistas quanto à situação económica. O índice de expectativa em Novembro era de 20,84%, menos de metade do registado um ano antes.

 

Em suma, há um importante processo de comunicação de verdade e de credibilidade a retomar pelos responsáveis do País, a todos os níveis de liderança, assentes em medidas eficazes e de futuro... Porque se os números podem curar as finanças, já a economia só sara com o contributo de cada pessoa.

 

* Texto publicado na edição de 2 de Janeiro do Diário de Notícias da Madeira

 

Marco Paulo Freitas

Consultor de Comunicação

publicado por Marco Freitas às 09:54

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