O tempo é um bem precioso para o exercício do jornalismo. Esta máxima tornou-se ainda mais palpável à medida que o desenvolvimento dos meios de comunicação online começou a obrigar os meios tradicionais a publicar os acontecimentos praticamente em cima da hora... Ou seja, se o tempo que os jornalistas dispunham para redigir um trabalho noticioso já era escasso por força da agenda, hoje em dia isso é cada vez mais raro.
Mas, isso significa que os trabalhos de agenda para os quais são destacados os jornalistas estão condenados a ser uma mera reprodução do que é dito pelas fontes de informação? Mais, devido à escassez de tempo e à determinação dos espaços nas páginas dos jornais ou nos alinhamentos das rádios e das televisões, os jornalistas estão a ser impelidos a não fazer perguntas?
Tenho para mim que, infelizmente para o sector, isto começa a ser, de facto, norma... Sendo norma, ainda bem que há excepções.
Na verdade nem todas as conferências de imprensa ou outros instrumentos usados pelos organismos para comunicar eventos são tratados da mesma forma. Existem eventos e matérias que geram grande interesse nos jornalistas, que se traduzem na realização de perguntas para além do trabalho para o qual foram convocados...
Há, no entanto, sectores que dificultam ou abusam do dia-a-dia dos jornalistas. Basta ver a agenda pública dos políticos e dos partidos para perceber até que ponto é que o jornalismo se vê confinado àquele mundo.... Ou também no universo do futebol.... É certo que os meios de comunicação social vivem da informação, das notícias que conseguem arrecadar, dia-a-dia... O que me parece mal é a dimensão redutora a que os jornalistas começam a ser remetidos quando têm, por dever ou por obrigação, de acompanhar as conferências de imprensa de um partido, por pouco ou por mais errado que seja o seu conteúdo.
Mas, mesmo sem tempo ou cansados de ouvir sempre os mesmos, acho que os jornalistas não podem abdicar da sua missão de questionar, de procurar perceber porque é que determinado assunto é tratado de determinada forma... Deve haver sempre espaço para uma pequena pergunta.