O presidente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho previu, ontem, que as Ciências da Comunicação vão ‘revalorizar o sujeito, os públicos dos média, os consumos de média e as culturas do ecrã’.
Na sessão inaugural do curso de doutoramento em Ciências da Comunicação, Moisés Martins considerou que esta área de saber está associada ‘aos novos territórios de investigação nas Ciências Sociais e Humanas’, como sejam os novos grupos de produtores, criadores e divulgadores culturais, os consumos culturais, os estilos de vida, os públicos da cultura, os estudos de recepção dos média por jovens e adultos, os estudos sobre os usos dos dispositivos tecnológicos de comunicação, informação e lazer, entre outros.
Numa conferência intitulada ‘As Ciências da Comunicação em Portugal e os desafios da contemporaneidade’, Moisés Martins, que é também presidente do novo curso de doutoramento, defendeu que ‘à medida que a paisagem mediática sofreu as profundas modificações tecnológicas que lhe subverteram a natureza, o paradigma comunicacional tornou-se mais nítido’.
Mas - acrescentou - ‘esta mutação da natureza e do campo dos média foi insuficientemente compreendida em Portugal, onde ainda hoje é comum confundir-se a comunicação com o estudo dos média clássicos, e muito particularmente com o estudo da imprensa, escrita, radiofónica e televisiva’.
Perante os alunos do novo curso de doutoramento da Univewrsidade do Minho, Moisés Martins afirmou que ‘a investigação em comunicação tem de atender, todavia, à convergência dos média analógicos tradicionais com as plataformas digitais’.
Na actual ‘época de comunicação global’, Moisés Martins diz ser ‘necessário projectar um espaço integrado de investigação que articule os média clássicos com os novos média’.
Entre os novos média, cita ‘os blogues, que estão a alterar profundamente a imprensa’, e a televisão informal.
As comunidades virtuais, os efeitos do ‘wireless’ na cultura e na política e o surgimento de uma cultura de interfaces são outras propostas de investigação avançadas por aquele sociólogo, que é o presidente da Associação Portuguesa das Ciências da Comunicação (SOPCOM).
Moisés Martins considerou importante ‘analisar a enorme complexidade da sociedade actual, provocada pela convergência dos média e da sua ligação às redes cibernéticas’, caso contrário, ficaremos ‘na indesejável situação de não podermos intervir nestes processos de mudança civilizacional’.