Mercado da comunicação vira-se para o turismo e saúde. Eleições também trazem mais clientes.
As empresas de comunicação continuam a crescer em Portugal.
Há quem defenda que a crise incentivou a sua procura em áreas como o turismo e que a quebra no sector financeiro foi compensada pela saúde.
Andam é com os clientes mais ao colo.
A acreditar nos seus responsáveis, com a crise, houve ajustes, avenças que baixaram - com alguma concorrência desleal a vir ao de cima - os clientes tornaram-se mais exigentes, mas o mercado continua pujante.
No Porto, a Press-à-porter, criada em Maio, facturou em três meses o que planeava contabilizar até ao final do ano.
As empresas preferem sacrificar o investimento publicitário ao pagamento das agências que lhes trata da comunicação, cujo barómetro principal é ainda a publicação de notícias nos jornais.
Cunha Vaz considera que a crise tem provocado "uma maior procura de agências especializadas" e que, na empresa que gere, a crise "não teve reflexos relevantes".
Parte do crescimento da Cunha Vaz Associados, com seis anos completos , cerca de 90 funcionários, responsável pela comunicação, entre outros, da Estoril Sol e da Sonaecom, tem sido feito lá fora, em Angola, onde organizou, recentemente, a logística da visita do Papa.
Também Vítor Cunha reconhece que, em virtude da conjuntura, as empresas perceberam que "não podem descurar a comunicação com o exterior".
Para este sócio da JLM (João Líbano Monteiro), no mercado há 11 anos, com uma equipa que ronda as duas dezenas, em perspectiva de crescimento, dedicada exclusivamente à consultadoria empresarial (como sublinha), sentiu-se algum reforço nesta área por se tornar imperioso ser eficaz na transmissão da mensagem.
No seu caso, a carteira de clientes (Santander, Impresa, por exemplo), aumentou em 2009, e, curiosamente, também a exigência de dedicação por parte dos clientes antigos.
A proliferação de agências fez com que os mimos para com os clientes tenham sido redobrados nesta fase, faz notar quem trabalha nesta actividade.
Luís Paixão Martins, fundador da LPM, descreve este ano como "muito positivo por causa das áreas da saúde e do turismo. Apareceram projectos novos para clientes antigos".
Além de ter cativado empresas estrangeiras. A LPM, onde trabalham 106 profissionais é, porventura, a agência com a orgânica mais multifacetada no mercado nacional: assegura a comunicação do PS e presta serviços de "media training", cuja missão é preparar quem vai ser entrevistado ou falar em público.
De qualquer modo, Luís Paixão Martins é cauteloso e resfria os ânimos dos optimistas.
Diz ele que de acordo com um estudo que contemplou 15 empresas do ramo, relativo a 2008, se não fosse o mercado angolano, o saldo comercial não seria tão positivo.
O facto de estarmos em véspera de eleições também cria novas oportunidades de negócio. Luís Paixão Martins acrescenta, porém, que a política é uma área secundária na sua empresa.
A LPM está a tratar da comunicação de seis autarcas do PS. "Dá visibilidade, mas tem muito escrutínio público", atira.
"A LPM vai facturar cerca de 10 milhões de euros em 2009. No segmento de política, não chegaremos a um milhão", concretiza ainda.
Os proprietários da Press- à-porter, sediada no Porto, arriscaram criar uma agência em Maio último e não têm motivos para queixas.
As expectativas foram superadas: ganharam em três meses o que previam amealhar até Dezembro.
Nuno Nogueira Santos, um dos sócios da empresa que envolve, para já, meia-dúzia de pessoas, considera que o mercado da comunicação não está completamente explorado em Portugal.
A Ordem dos Médicos Dentistas e a Associação Portuguesa do Sono são seus clientes.
Na política, um candidato à Câmara de Paredes conta com a sua consultadoria, sendo que outros contactos políticos estão em curso.
"Queremos crescer na área política, ajudar os autarcas na concepção do discurso, orientá-los em relação aos 'timings' dos média".
Conhecido entre os pares por ter sido assessor de imprensa de Valentim Loureiro (autarca de Gondomar), Nuno Nogueira Santos refere que o seu trabalho inclui explicar ao cliente como funcionam os jornais e os jornalistas.
O "slogan" da Press-à porter- "comunicação à medida" - não foi alheio ao momento da Economia. "Adaptamo-nos o mais possível às necessidades do cliente".