
Ministra da Justiça de França defendeu ontem a actuação da polícia.
"Flagrante delírio", era assim que o Libération descrevia ontem na primeira página a detenção do ex-director do jornal Vittorio De Filippis, condenada pelo sindicato dos jornalistas franceses como uma "manobra de intimidação".
Acusado de difamação, o responsável foi detido pela polícia na madrugada de sexta-feira, na sua residência, em Paris, depois de ter, alegadamente, ignorado as convocatórias do tribunal. Alvo de um mandado de captura,
De Filippis foi algemado, despido, revistado e, segundo ele, insultado por um dos polícias frente a um dos filhos. Transportado para a esquadra, foi colocado em prisão preventiva durante cinco horas, antes de ser formalmente acusado de difamação, e libertado.
Uma operação considerada "desmesurada" pela direcção do jornal, face ao processo de "delito de imprensa" de que era alvo.
O actual director de novos projectos do Libération é acusado de difamação pelo fundador do serviço Internet Free, por ter permitido a publicação, em 2006, no site do jornal, de um comentário de um internauta a um artigo sobre os problemas do empresário com a justiça.
A presidência francesa afirmava ontem, num comunicado, "compreender a inquietação dos media", limitando-se a propor, "a criação de uma comissão de reflexão sobre um procedimento penal mais respeitoso".
A oposição socialista e vários deputados da maioria exigem a abertura de um inquérito, denunciando a violação dos procedimentos do código penal, que prevê uma pena máxima de até 12 mil euros para o crime de difamação.
Os jornalistas do Libération convocaram uma manifestação para sexta-feira.
De Filippis é o quinto jornalista francês a ser chamado aos tribunais, em menos de duas semanas, por processos de difamação ou violação do segredo de justiça.