Na semana passada lançamos para debate a problemática jornalismo de cidadão colocando a questão se estaríamos a falar de um jornalismo de cidadania. Abordaram-se alguns aspectos muito interessantes desta realidade, sobre a sua existência e sobre a sua relação como o jornalismo de carreira e profissional. Nem de propósito (!), no dia 3 de Setembro, o Jornal de Negócios (www.negocios.pt) fez uma noticia intitulada: Bloggers já se acreditam para eventos partidários.
Em suma, esta peça centrou a sua atenção no interesse dos bloggers em participar nos eventos partidários, nas vezes que tal já aconteceu, bem como na posição dos vários partidos nacionais em relação à participação dos bloggers nas suas iniciativas em paralelo com os jornalistas.
Ficámos a saber que só o PCP, de forma liminar, e o PS, um pouco mais equilibrado, não acreditaram os bloggers em eventos seus, enquanto comunicação social. O primeiro não atribui igual acesso à informação enquanto que o PS sim.
Na peça, Afonso Maia, presidente do Sindicato de Jornalistas e militante activo do PCP, diz rejeitar o que está a acontecer pois um blog não é um meio de comunicação social e não pode ser tratado como tal .
Se, na essência, os partidos negam a ideia de equiparar os bloggers aos jornalistas, a verdade é que na prática é o que já acontece. CDS, PSD e BE já acreditaram bloggers como imprensa e deram igual acesso à informação. Muito provavelmente estamos a falar de bloggers conhecidos dos partidos, e até afectos, mas o facto é que o precedente já foi aberto.
Nos EUA, a estratégia dos partidos parece ser outra: são criados áreas distintas para bloggers e jornalistas. Uma distinção que faz sentido já que é importante conhecer aqueles que irão abordar os temas em debate
Voltando à discussão mantida sobre o jornalismo de cidadão, parece-me que esta notícia deixa claro qual o caminho que se segue sendo que há um interesse oculto para os partidos desejarem criar uma concorrência à imprensa tradicional. Será que esta abertura verificada nos partidos e, quiçá mais tarde, em algumas organizações privadas, vai de facto criar uma concorrência aberta entra os jornalistas profissionais e o jornalista cidadão (blogger ou outro)?.
Portanto, para aqueles que teimam em aceitar, sem qualquer reflexão e análise, a chegada de novo jornalismo a sugestão que deixo hoje vai no sentido de se ponderar e discutir abertamente esta realidade, de se evitar a negação da sua existência como solução para o problema, e de colocar o jornalistas profissionais a esgrimirem os seus melhores argumentos em prol de um jornalismo sério, crítico e construtivo. Tal, só é possível com a prática de um jornalismo socialmente responsável.
O *astrisco*
publicado por Marco Freitas às 10:53
Numa época em que os jornais procuram redefinir a sua vocação e o seu posicionamento na sociedade, quando enfrentam a concorrência de novos meios de comunicação e de possíveis novas vias de fazer jornalismo cujo conceito é sustentado na relação directa e imediata do acontecimento com o público por oposição ao tratamento informativo que os meios tradicionais realizam -, tenho poucas dúvidas sobre qual deve ser o papel do chamado jornalismo tradicional e dos meios de comunicação social como é o caso da imprensa: mais do que nunca os jornais devem assumir o seu papel como instrumento de educação e de formação social.
Em tempos elaborei um pequeno texto sobre esta função dos jornais que gostava de reproduzir, até porque o tema vai ao encontro do debate sobre um sector que parece estar a perder a direcção, ele próprio a deslocar-se para a produção de notícias de foro pessoal (já que os jornalistas são cada vez mais bloggers e internautas).
Se se pode e se quer dar vida ao novo jornalismo de cidadão é também importante diria crucial que na mesma medida de grandeza se atribua aos jornalistas um mandato social para realizar com propriedade a sua função de educadores e formadores sociais através de um produção noticiosa ponderada e preocupada com o bem-estar público. Porque, pelo menos por agora, os novos jornalistas mostram pouca intenção social já que valorizam o acessório, o escândalo e a invasão da vida privada
Dando sequência ao debate que ainda há pouco desenvolvemos sobre o jornalismo de cidadão acredito que o texto que se segue possa dar um contributo interessante.
Recordo que, como escrevia então, Os jornais são um instrumento fundamental para ensinar, para criar hábitos de leitura e para formar. Não é nova a ideia de que os jornais devem apoiar a educação das crianças, dos jovens e dos adultos. Tem sido assim desde os primórdios da imprensa. Mas, segundo os registos, o primeiro programa bem estruturado nasceu por volta de 1930 e foi iniciativa do The New York Times. Actualmente, existem em todo o mundo mais de 700 programas orientados para a educação de jovens através dos jornais.
De tempos em tempos esta capacidade da imprensa é questionada, primeiro, fruto de interesses localizados e, segundo, porque o sector tem mantido um percurso que contraria esta linha vocacional.
A WAN, Associação Mundial de Jornais, entre muitas outras actividades, promove uma rede mundial de jornais com eventos e iniciativas de vária ordem dirigidos aos jovens, com o objectivo de atrair o seu interesse e fomentar a leitura.
Na Europa e nos Estados Unidos da América, o hábito de ler ainda é preservado por gerações mas velhas (ver OBERCOM). Curiosamente, em Portugal encontramos a situação oposta, pois a fatia de leitores de jornais concentra-se na sua maioria entre os 17 e os 38 anos. O que não acontece por mero acaso. A verdade é que um grande número de jornais portugueses têm iniciativas orientadas para os mais jovens, algumas com longa tradição no panorama nacional, um prática que corresponde à linha de orientação e aos obectivos que a WAN traçou para este seu projecto.
A promoção de suplementos, a criação de secções de páginas especificamente dedicadas aos jovens, os projectos de literacia, a promoção da escrita e do desenvolvimento de programas de utilização de jornais nos mais diversos momentos da vida diária são só alguns dos projectos que os jornais podem desenvolver e que a WAN está a incentivar.
Esta organização internacional defende que o hábito de ler jornais deve ser efectivamente incentivado desde a infância e que os editores devem assumir essa responsabilidade com espírito de missão. Por essa razão organiza programas de alcance internacional para promover o uso de jornais nas escolas.
A promoção da leitura e da escrita, da conversação e do pensamento crítico são aspectos programáticos que devem ser levados em conta pelas escolas e são argumentos fortes a favor da utilização dos jornais nas aulas, em todas e não só naquelas relacionadas com o sector.
Segundo a WAN, os programas que incentivam a leitura de jornais nas escolas estão predestinados ao sucesso, na essência, porque influenciam e ajudam a informar os estudantes e contribuem para uma cidadania responsável.
Esta dose de confiança da associação mundial é sustentada em resultados positivos verificados em alguns países. Por exemplo, nos EUA, a WAN assegura que é clara a ligação entre a utilização de jornais na escola e a tendência para os jovens tornarem-se assíduos leitores de jornais em adultos. No entanto, segundo o inquérito 2004 da Gallup, 9 em cada 10 jovens entre os 3 e os 17 assistiram a programas de televisão e 3 em cada 10 tinham lido jornais. Dados que reforçam a necessidade do projecto da associação.
Contra as expectativas da WAN estão as constantes quebras de circulação dos jornais fruto da desconfiança no jornalismo praticado, a atractividade de outros meios de comunicação, nomeadamente a televisão e a internet, e o marketing pouco eficaz produzido pelos meios da imprensa.
Parece não sobrarem dúvidas de que a criatividade é essencial para atrair os jovens. Mesmo assim, encontramos em alguns projectos jornalísticos uma falta de apetência para gerar atractividade junto dos jovens leitores, algo que se verifica um pouco por todo o mundo.
Em Portugal, os títulos nacionais têm procurado ir ao encontro das necessidades dos jovens. Existem revistas muito bem cotadas neste segmento e espaços didáticos muito procurados. Porém, há um conjunto de dúvidas que se mantêm em aberto: porque é que a partir de determinada idade, aqueles que liam com interesse os jornais deixam de o fazer? Não será porque os jovens só se identificam que um determinado espaço do jornal não sentido curiosidade por ler outras rubricas dos mesmos? E o que podem fazer os jornais para contraiar esta tendência, tanto mais que a internet conquista espaço ao papel a passos largos? Uma revisão geral dos conteúdos produzidos pelos jornais é capaz de ser uma solução.
MPF
publicado por Marco Freitas às 10:23
O Marketing no ponto de venda, o Design na Cidade e a Comunicação como Ferramenta de Comunicação são os temas dos panéis do seminário sobre Marketing que a Dupladp organiza no dia 1 de Outubro.
Com lugar marcado para o Centro de Conferências e de Exposiões da Madeira, este segundo seminário organizado por esta empresa madeirense terá como oradores Carlos Manuel de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Profissionais de Marketing, Pedro Calado, presidente da comissão organizadora do Funchal 500 Anos e Pedro Salgueiro, director de comunicação da Nestlé Portugal. O seminário será aberto ao público em geral, mediante confirmação.
Estas iniciativas são de saudar porque numa pequena região como nossa é fundamental criar mecanismos para ajudar as empresas a participar no mercado...
publicado por Marco Freitas às 10:04
O jornalismo está a viver um momento de mudança acentuado. Para além dos muitos factores endógenos que têm largamente contribuído para a crise de identidade do jornalismo, com consequências visíveis na sua praxis, a multiplicidade de canais de comunicação e de informação que a Internet vem possibilitar é, sem margem para dúvidas, uma das razões para as mudanças que se vivem no sector...
Hoje, foi noticiado que vai arrancar um novo site de"jornalismo de cidadão". Chama-se Dernotix e tem como objectivo preencher um vazio criado nos grupos de media ao nível dos correspondentes internacionais. Para o fundador do site, Turi Menthe, a sua função será a de "ajudar os jornais e os produtores de programas informativos" fornecendo conteúdos ´que muitas vezes passam despercebidos ou não estão facilmente acessíveis.
Este projecto é mais um entre muitos que têm surgido em alternativa a um jornalismo orientado e fechado em termos de conteúdos informativos. Apesar dos benefícios que este tipo de jornalismo acarreta - se é que se pode chamar de jornalismo à mera recolha e disponibilização de conteúdos em rede - todo o cuidado é pouco na interpretação desses conteúdos e nas respectivas mensagens que propagam... São sobejamente conhecidas as fraudes no campo jornalistico - particularmente a nível internacional - praticadas inclusive por alguns jornalistas de reputação inabalável... Encontramos notícias fabricadas, foto truncadas, factos inexistentes, fontes inventadas. No melhor pano cai a nódoa e não são estes casos que devem manchar e ferir a importância de um sector como o dos media na nossa sociedade.
O jornalismo de cidadão não é sinónimo de jornalismo de cidadania. Pode ser, se for praticado de forma responsável... Uma responsabilidade que se pede ainda mais aos jornalistas de hoje e aos meios de comunicação social porque são estes quem têm a capacidade de filtrar as impurezas que o cidadão-jornalista não sabem ou não quer ver e tratar... A notícia não é um mero reflexo de um facto... É resultado de um exercício responsável e maduro que os cidadãos sem prática de jornalismo dificilmente conseguem realizar. Os novos jornalistas, "os jornalistas instantâneos", tem objectivos diversos de um qualquer meio de comunicação social... Por isso, encontro aqui nesta função de controller um novo papel para os media e para os jornalistas de carreira... A sociedade precisa da sua clarividência e da responsabilidade social que se esforçam por praticar...
Quem melhor pode praticar o jornalismo de cidadania são os profissionais do jornalismo, porque têm experiência, foram preparados para o efeito e porque lhes é pedido contas dos seus actos perante a opinião pública.
É claro que há lugar para o cidadão-jornalista... Mas, reforço a ideia, o jornalista deve ser cada vez mais cidadão... Mais activo e interveniente, quer através dos seus trabalhos quer através de outras actividade complementares por forma a dar um contributo único à propagação da informação....
O número de leitores, ouvintes, telespectadores ou cibernautas conscientes de que a informação que consomem, e muitas vezes reproduzem, não é a mais correcta é ínfimo. Apela-se, por isso, à responsabildiade social dos media e dos jornalistas para fazer valer o papel educativo do jornalismo na sociedade.
Daqui a algum tempo será possível retirar o melhor dos dois universos do jornalismo, agora em choque... Mas, para isso, é absolutamente necessário que os jornalistas participem activamente na educação do cidadão jornalista. Como? valorizando ou desvalorizando a informação que é enviada e não consumindo e distribuindo tudo o que chega às redacações... Parece um bom princípio... Quem sabe, mais tarde, se não será possível criar espaços paralelos onde se possam valorizar estas duas formas de fazer jornalismo...
O conceito de jornalismo parece estar em evolução... Como quase sempre é a prática que empurra a teoria para a frente.. Como tal, é importante que o mundo do jornalismo actual e tradicional saiba interpretar a mudança...
publicado por Marco Freitas às 09:52
O barómetro mais actualizado sobre a Liberdade de Imprensa, habitualmente elaborado pelos Repórteres Sem Fronteiras revela os seguintes indicadores:
Jornalistas mortos - 22
Colaboradores mortos - 0
Jornalistas presos - 124
Colaboradores presos - 7
Ciberdissidentes presos - 69
Uma nota de rodapé para sublinhar que são os cenários de conflito político, social e militar os principais responsáveis por esta contabilidade negra.
publicado por Marco Freitas às 10:09
O OJE está à procura de mais notoriedade e, naturalmente, de maior implantação no mercado concorrencial da imprensa. Para esse efeito, o título da Mediafin, despois de alguns estudos, optou por ser distribuído em banca, com um preço de capa de um cêntimo, em 15 capitais de distrito, revelou hoje a Meios e Publicidade.
Uma empresa contratada pela editora fará a dsitribuição de 2000 exemplares em todo o país, com excepção de Lisboa, Porto e ilhas. Tendo em vista o aumento de visibilidade do título, com os consequentes benefícios em termos de angariação de anunciantes, os responsáveis do OJE olham para este projecto como uma operação de "charme" das bancas juntos dos seus clientes. Refira-se que por capital de distrito foi apenas escolhido um ponto de venda. Cada um destes beneficiará de uma percentagem do valor do preço de capa.
A estratégia agora seguida por este título económico vem confirmar a necessidade dos jornais se adaptarem às alterações contantes do mercado.
publicado por Marco Freitas às 09:17