Comunicar pode ser fácil... Se no tempo que a vida nos permite procurarmos transmitir o essencial, desvalorizar o acessório e contribuir, num segundo que seja, para que a mensagem se assuma como tal e não como um universo de segredos...

13
Ago 08
Na edição de 10 de Agosto de 2008, o Diário de Notícias da Madeira trouxe ao de cima uma das questões mais importantes para a vida da res publica madeirense: qual o rumo que pretendemos seguir…
Num trabalho redactorial exemplar, o jornalista do DNM sustenta a ideia de que estamos “Sem rumo ao fim de 30 anos”. Apoiado na opinião e na análise de três incontornáveis personalidades regionais, do mundo da política e não só, Jorge de Sousa dedica duas páginas ao balanço dos últimos tempos da política regional, fora e dentro do Parlamento. “A análise da política madeirense não conduz a resultados muito positivos. Fica a sensação de que, em 30 anos de autonomia, pouco mudou no relacionamento entre os protagonistas”, diz o jornalista, rematando que “os debates mais profundos, que se exigiam, parecem eternamente adiados…”

Apesar de concentrado no sub-sector social da política, a análise protagonizada pelo jornalista traduz claramente o que se passa nos dias de hoje nas mais diversas estruturas da vida social regional. A verdade, é que não é só na política que vivemos “sem rumo”…

No meu ponto de vista, esta peça do Diário é extremamente importante porque alerta para um apatia e para uma incapacidade generalizada que lesa a definição, o mais rapidamente possível, de um futuro estruturado para a nossa região. Neste blog tenho vindo a defender a importância de se fazer um debate imediato e profundo sobre o que queremos para a Madeira, nos mais diversos patamares da sua vida… Tenho também incitado a comunicação social em geral a usar do seu papel de responsável social para fazer esse alerta… É preciso agitar as águas… Se os decisores não percebem a importância deste debate pode ser que através da força mediática as populações comecem a exigir aos seus líderes algo mais do que meras discussões de percurso.

Tenho defendido que, como actores sociais, na sua maioria mais isentos do que os políticos e outros, os jornalistas são fortemente responsáveis pelo abanar de consciências e por colocar na agenda pública o debate sobre o futuro da nossa região, seja sobre que tema for…. Há uma imensidão de perguntas que podem e devem ser colocadas e existe níveis de resposta a exigir aos mais altos decisores da nossa terra…

A peça feita pelo Diário deixa bem patente o descrédito em que a política e os seus actores caíram, arrastando consigo todo um processo de desenvolvimento que importa redefinir, da economia à saúde, passando pela educação e justiça, rasgando os cânones até agora estabelecidos para criar novos paradigmas… Precisamos de arriscar se queremos fazer frente ao que vem aí… Mais do que uma crise económica teremos uma crise social sem precedentes se não criarmos um novo motivo para empolgar os madeirenses…

Podemos esperar pelos políticos?!… Só por aqueles que realmente parecem pensar e trabalhar em prol da Região. É nesses que devemos concentrar as nossas atenções e são a esses que a comunicação social deve dar espaço editorial. Mas, para além dos políticos, há uma imensidão de gente espalhada pelos mais diversos sectores de actividade que tem ideias, concepções e práticas úteis para o futuro da Madeira. Se a classe política legisladora dá pouco valor a opiniões externas, então parece ser altura da comunicação social ser socialmente responsável e abrir um debate amplo e diversificado sobre a Região… Agora e já. O futuro é agora…

Jorge Freitas de Sousa conclui, e bem, que “com a política regional parada, ou adormecida pelo calor do Verão, é fácil concluir que, mais uma vez, muita coisa ficou adiada para Outubro. Debates profundos sobre planeamento, modelos de desenvolvimento, política social e, sobretudo, o rumo para uma autonomia que continua a ser vista como um dogma…”

Pois é… Por isso, defendo o papel interventivo da imprensa para alertar consciências e criar uma vaga de fundo que obrigue os decisores a repensar o que querem da Madeira… Caso contrário, mais cedo ou mais tarde, o feitiço pode virar-se contra o feiticeiro: alguém terá de pagar a falta de visão dos políticos de daqueles que poderiam ter mudado para melhor a vida da nossa região.

Marco Freitas
Editor do *astrisco*
publicado por Marco Freitas às 10:46

07
Ago 08
Uma notícia da Meios&Publicidade dá conta de que Martim Avillez Figueiredo vai liderar um projecto editorial impresso, apoiado por um grupo de investidores com apetite para o sector pois considera-se que pode estar na forja um novo grupo de comunicação social, inclusive com capacidade para concorrer ao quinto canal de TV generalista.

Depois de ter liderado com sucesso o Diário Económico e de ter passado pela Sonae como director das Relações Institucionais e Marca Sonae, Martim A. Figueiredo volta à impresa para liderar um projecto que, diz-se, será "um título mainstreem" com forte componente de política, economia e opinião".
publicado por Marco Freitas às 14:45

As promessas da China de que os jornalistas teriam acesso total pelo país durante os Jogos aparentemente não se confirmam.
Um recente incidente envolvendo jornalistas japoneses que alegadamente cobriam um ataque de rebeldes muçulmanos separatistas à polícia local e que foram atacados por esta mesma polícia, não augura nada de bom para a imprensa. Apesar do pedido de desculpas de Pequim novos obstáculos foram criados para o acesso à Praça de Tiananmen.
O Comité Olímpico Internacional que ainda na semana passada se regozijava por ter conseguido alguns avanços junto das autoridades para desbloquear alguns sites na internet, disse que vai estar atento às novas regras que exigem que os jornalistas agendem atenpadamente as deslocações à Praça quando fizerem reportagens.

A expectativa de que estes Jogo da Paz serviriam para mudar políticas no país parecem agora muito altas.... Será que do lado da China, a operação de charme que estão a preparar será mais vitoriosa?...
publicado por Marco Freitas às 12:16

06
Ago 08
A 3 de Julho, o Jornal da Madeira dava eco de que o Diário de Notícias da Madeira e o JM haviam "assinado" um acordo para "salvaguardar o pluralismo da informação" e a co-existência dos dois jornais. Por outras palavras, a sua perpetuação no mercado.

Para o efeito, recorde-se: o JM passa a emitir os módicos 6500 exemplares, com um preço de capa simbólico (10c).
Desta forma,disse ainda o Secretário Regional da Tutela: estas alterações prendem-se com a lei da concorrência e com a perspectiva de se manter os postos de trabalho das empresas em questão.
Nessa notícia, o responsável disse ainda, que "não se trata nem de passo atrás, nem de passos à frente."
No dia seguinte, o mesmo jornal vem corrigir a peça do dia anterior dizendo afinal que não houve acordo assinado mais um "entendimento".

Sobre esta situação teci alguns comentários e dúvidas que passo a expressar por escrito:

1 - É-me indiferente, como certamente a muita mais gente, a nomenclatura que as duas partes querem usar sobre o que decidiram em conjunto, seja "acordo assinado" ou "entendimento" (embora as modalidades configurem corpos jurídicos diferentes). A verdade é que o JM e o DNM concertaram posições sobre o seu espaço no mercado.
A situação é melindrosa e tudo o que se diga poder parecer mal ou um ataque à bondade da medida. Contudo, esta medida mais do que resolver o futuro da comunicação social na Madeira preconiza um adiamento das soluções de fundo para o sector e levanta mais dúvidas do que respostas.

2 - Pode-se fazer este tipo de acordo sem consequências legais - para ambas as partes, claro? Não será uma medida anti-mercado, aquele mercado que muitos sempre invocaram para combater a existência e a gestão do JM?

3 - O que sudece com os restantes meios impressos? Não deveriam também ter entrado nesta equação que, aparentemente, resolve os dilemas da comunicação social regional, designadamente, em relação à existência e permanencia em actividade do JM?

4 - Um mercado aberto tem consequencias positivas e outras negativas. Certamente, é sempre muito dificil lidar com os amargos de boca que o mercado provaca na vida das pessoas. Contudo, adiar o inevitável, criar uma almofada de conforto para manter o actual estados de coisas é uma medida inteligente? É possivel considerar que esta irá evitar o choque que os meios de papel irão enfrentar nos próximos anos? Não era altura de equacionar medidas mais radicais para defender os postos de trabalho existentes desde já?

5 - A concorrência gera dinâmica, diferença, criatividade e motivos para valorizar uma actividade. Esta concertação tem pouco de defesa da livre concorrência. É feita ao nível da gestão, é um facto... Mas será o único que os leitores devem considerar? Onde fica o respeito pela diferença que cada jornalista impõe no seu trabalho diário?

6 - Contam as crónicas que o JM vinha provando capacidades para se afirmar como competitivo. Até que ponto é que esta alteração torna o título vendável, apetecido a investidores privados?

7 - Finalmente, olhando para o que disse o Secretário Regional sobre este acordo, de facto nada muda, fica tudo na mesma (!!). É mesmo disso que a comunicação social regional está a precisar.
publicado por Marco Freitas às 10:49

Os Jogos Olímpicos estão aí...
Ao jeito de tudo o que tem envolvido este evento, o maior centro de imprensa da história dos Jogos foi criado em Pequim. Tem cerca de 62.000m2, 4 andares e está preparado para receber cerca de 6000 jornalistas e fotógrafos acreditados entre os dias 8 e 24 de Agosto.
Para além dos muitos espaços de trabalho e das salas de conferência, o Centro inclui restaurantes, um ginásio, um espaço para massagens e até uma barbearia. Tudo isto num país cujo regime político veda a imprensa e aos seus cidadãos a mais elementar liberdade de expressão.
Será que a imprensa estrangeira poderá tecer, sem pressões, os seus comentários para além das incidências políticas sem que o Big Brother chinês intervenha? Veremos...
publicado por Marco Freitas às 10:40

Temos mantido algum silêncio no blog. Este período tem sido de reflexão. A questão que o provocou é se vale a pena manter o blog, na medida em que este tem sido pouco convidativo à participação dos seus leitores.

Temos procurado dotar este projecto de seriedade, de isenção e de uma subjectividade dentro dos limites do bom-senso e daquilo que o conhecimento técnico dos problemas nos permite comentar.
A demagogia, o populismo, a critica provocatória têm sido, propositadamente, mantidas de fora... A tentação tem sido enorme, até porque sabemos que outros blogs fizeram, e têm feito, sensação e atraído comentadores com grande frequência fruto de um posicionamento mais dado à coscuvilhice...

Não enveredamos por este caminho porque preconizamos uma abordagem ao mundo da comunicação voltada para o futuro e para o debate esclarecido e esclarecedor. Os adeptos não têm sido muitos.

Um outro aspecto tem ferido as boas intenções e o espírito deste blog: é que de facto vemos no sector da comunicação regional, a todos os níveis, muito pouco esforço para construir para o futuro um sector válido, maduro e capaz de, pelo menos, assegurar a estabilidade daqueles que trabalham no meios nos dias de hoje.

Vale a pena continuar com um blog que pretende ser um espaço de debate, de pesquisa, de lançamento de ideias precisamente no plano da comunicação?
A desculpa mais comum para uma ausência de participação é a falta de tempo. O trabalho, a vida pessoal e outras razões de agenda têm sido os motivos apresentados... Tenho, no entanto, alguma dificuldade em pereceber porque se ouve falar e se sabe que quase todos os profissionais envolvidos com a comunicação social - e não são só os jornalistas - têm uma opinião sobre o que se está a passar na Região, e não se conhece uma postura pública e global sobre o sector?
A análsie e a conclusão são simples: a vontade em se comprometer através de um testemunho escrito é quase nula. As palavras de boca levas-as o vento... Podem ser truncadas numa brisa sussurrante de uma noite quente de verão ou de uma discoteca... Mas, as desculpas são fáceis de encontrar assim...

Alguém dizia que os tempos de hoje estão vazios de compromisso porque as pessoas preferem passar pela vida despercebidas, ignorando a influencia incontornável que cada individuo provoca no universo do seu vizinho. Vivemos, por isso, num mundo sem consequências... Só de sequências...

Neste tempo que investi a reflectir sobre as valias de continuar este blog, senti a angústia de que se está a deixar fugir e a esvaziar o papel que os profissionais da comunicação social podem ter, de forma fundamental, na construção de uma sociedade madeirense.

Sou, por natureza, teimoso. E como acredito na vantagem de proporcionar um espaço de debate sério sobre o mundo da comunicação irei continuar a alimentar este espaço, a lançar provocações para discussão, a debitar informação sobre este sector.
Entre o sentimento de inutilidade e a adrenalina de produzir ideias sobre este mundo tão dinâmico quanto arenoso, e a ânsia de ver o sector evoluir, o astrisco vai procurar manter o seu papel...

Boas férias e voltem sempre
publicado por Marco Freitas às 09:39

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