Comunicar pode ser fácil... Se no tempo que a vida nos permite procurarmos transmitir o essencial, desvalorizar o acessório e contribuir, num segundo que seja, para que a mensagem se assuma como tal e não como um universo de segredos...

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Mar 08
A vontade da Madeira em ser independente do território continental será tão velha quanto os primeiros tempos dos primeiros homens que pisaram a ilha. Em tempos mais remotos, o isolamento, a distância, a ausência de referências e de informação do poder central já eram factores de peso para essa vontade.
Com o tempo essa vontade foi adquirindo mais argumentos para justificar-se junto da população, tais como as decisões macrocéfalas de uma metrópole desconhecedora da vida das ilhas, ou ainda, o tratamento secundário dado a tudo que tivesse origem na Madeira e, não menos importante, uma gestão económica e financeira absoluta dos destinos da ilha, onde se inclui o pagamento de impostos sem a merecida retribuição.

Cabe também considerar neste leque de factores uma atitude partenalista que zelava pela dependência dos locais pelas mais-valias nacionais, ou melhor, da metrópole, coertando a pró-actividade local, a iniciativa e a ambição de ir mais longe.

Muito antes de Jardim, durante a sua era governamental, e muito depois continuar-se-á a falar de independência da Madeira, umas vezes de uma forma mais séria outras com muita fanfarronice à mistura.
Posto isto, alegar que o tema não faz sentido é menosprezar uma manifestação livre de vontade e, em última análise, negar todos os esforços em prol da autonomia da Região, já que o objectivo desta é a procura absoluta, dentro das normas mutuamente aceites, de uma independência clara e efectiva em relação ao continente.

Se tiver em conta muitos exemplos pelo mundo fora, sou forçado a recusar um paradigma que diz que só podemos falar de autonomia, mesmo que seja num plano avançado, como aquele sugerido por Jardim quando fala de “unidade diferenciada” .
Parece claro que a Madeira ainda não tem condições para debater-se por esse desiderato que é a independência – e as sondagens conhecidas demonstram a maturidade dos madeirenses a esse nível – mas quando estiver suficientemente evoluída económica e financeiramente e, em particular, no campo social e cultural, ou seja, da cidadania, nada impedirá os madeirenses de proclamar essa vontade. Exige-se, de facto, maturidade e uma grande capacidade diplomática, factores que não abundam nos dias de hoje na nossa classe política.

Contentemo-nos com a autonomia e façamos os possíveis para torná-la mais eficaz já que só assim conseguiremos gerir melhor os nossos destinos.
publicado por Marco Freitas às 09:36

Para os mais atentos as questões económicas, a notícia não surpreende: o PIB da Madeira é o segundo mais alto de Portugal.
Este indicador, aceite internacionalmente e também, óbvio, pela União Europeia, dá a medida global da riqueza de uma região ou país. Apesar disso, esta medida tem servido os mais diversos disparates da política, e de outros sectores, do universo madeirense.
O que merecia ser uma discussão séria sobre o modelo económico para o futuro é actualmente arma de arremesso entre os partidos com o objectivo de medir o sucesso ou insucesso de uma política governamental.
A comunicação social tem reflectivo este debate, quase sempre de uma forma fidedigna, dando voz às diferentes perspectivas sobre a questão. Mas, como tenho defendido várias vezes, o papel da comunicação social tem de ser outro, tem de ser mais interventivo, na medida em que pode colocar as questões certas para poder oferecer à opinião pública as melhores respostas possíveis. Claro está, sem uma agenda pré-definida, sem preconceitos, sempre em prol do esclarecimento rigoroso, não partindo de conclusões mas de meras hipóteses.
Ou seja, no caso em apreciação, perguntar por exemplo, porque é que todos assumem que países como Irlanda e o Luxemburgo são desenvolvidos, com base na mesma medida do PIB, e que a Madeira não o é? Perguntar de que forma concreta é que a Madeira ainda pode crescer mais, sem análise tendenciosas com dois pesos e duas medidas.
O tema é importante e tem sido integrado num conjunto de várias batalhas políticas. Por isso, é fundamental que a comunicação social saiba interrogar os decisores e os actores políticos sobre o sentido de responsabilidade que lhes é exigido pelos mandatos que o povo eleitor atribui designadamente para pensar o melhor futuro para todos os madeirenses e não só para determinadas categorias….
publicado por Marco Freitas às 09:35

O Jornal da Madeira anunciou, nas suas páginas, o aumento da sua tiragem para 15 mil exemplares. Uma evolução que merece alguns comentários.
Primeiro, isto significa que a medida de tornar gratuito o título colheu resultados interessantes e positivos em termos de leitores e de audiências, confirmando-se as vantagens da estratégia e da decisão do jornal.
Segundo, considerando-se que foi uma medida de gestão esperam-se outras soluções para rentabilizar o jornal de todos nós. Medidas de natureza empresarial e outras do foro editorial.
Terceiro, o notado interesse em ler o JM deve ser compensado com uma resposta positiva do jornal junto dos leitores, quer na melhoria dos conteúdos – sobretudo ao nível da opinião – quer no aumento de anunciantes, já que a ambos os níveis existem mais-valias informativas que os leitores podem receber.
Quarto, no caso de não se vislumbrar outras medidas de natureza empresarial podemos perfeitamente indagar que razões subjacentes levaram a tornar o JM gratuito e, sem a sua existência, equacionar seriamente o fim do projecto editorial do mesmo.
Quinto, considerar este fim pode parecer um exagero mas, mesmo com a protecção governamental, se nada for feito para participar activamente no mercado, o facto será incontornável pois não haverá leitores suficientemente interessados e, consequentemente, anunciantes para manter o projecto.
A somar à falta de gestão credível estão factores como o impacto da internet nas camadas mais jovens, a mudança cultural da sociedade com influência nos hábitos de leitura, o crescente desligar dos temas que tanto fazem correr tinta no papel, como é o caso da política.

A sociedade está a mudar. Se um jornal, seja ele qual for, pretende manter a sua actividade neste sociedade em mutação só tem de fazer uma coisa: acompanhar os passos da opinião pública, antecipar-se e manter os leitores, independentemente do suporte físico que utilizar.
publicado por Marco Freitas às 09:28

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