Comunicar pode ser fácil... Se no tempo que a vida nos permite procurarmos transmitir o essencial, desvalorizar o acessório e contribuir, num segundo que seja, para que a mensagem se assuma como tal e não como um universo de segredos...

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Mar 08
O quinto poder ou o grito da revolta

Após atenta leitura de um pequeno livro sobre o “Quinto poder em defesa do futuro cidadão”, e não obstante a publicação datar do ano de 2006, não deixa de ser aliás pertinente uma pequena reflexão, até porque o tema, além de actual é urgente ser pensado.
No ponto número dois da publicação de Manuela Espírito Santo é aflorada uma proposta de criação de um contra-poder que defenda os interesses do cidadão perante a avalanche informativa que os media actuais apresentam ao espectador/leitor/ouvinte incauto. Estamos a falar da proposta de criação do Quinto Poder, um poder que tenha como principal objectivo a defesa dos interesses do cidadão consumidor de informação. O famigerado Quarto Poder, tão do gosto dos grandes grupos económicos que controlam os media já não serve os propósitos iniciais para os quais nasceu. Esse está completamente dominado, completamente debaixo da alçada dos magnatas da comunicação social mundial. A obtenção desenfreada do lucro a qualquer preço inverteu totalmente a lógica comunicacional subjacente ao chamado quarto poder. A volta por cima tem de ser dada e já não faltam teóricos da comunicação a estudar a questão e a lançar temas para o debate.
Ignacio Ramonet, director do Le Monde Diplomatique, aponta como principais culpados da morte do Quarto Poder os grandes meios de Comunicação Social. Na opinião daquele especialista francês, “estes abandonaram a função de vigilantes do poder estabelecido e de denúncia da traição dos grandes grupos económicos que dominam o mercado da informação”. Ramonet vai mais longe e afirma mesmo que “não há muito a Comunicação Social ia cumprindo o seu papel de contra poder, denunciando as prevaricações dos poderes públicos, mas agora essa função foi abandonada, chegando mesmo ao ponto de se aliar ao poder para oprimir o cidadão”.
Nesta linha de pensamento surge também Roger Silverstone, professor de Comunicação na London School of Ecomonics. Para este especialista, denunciar o desvirtuamento do quarto poder perante os objectivos que se propunha alcançar é necessário. As alternativas têm de começar já a ser tratadas e delineadas, nomeadamente com o que ele chama de intervenção cidadã, o tal grito de revolta perante o desagradável panorama incomunicacional a nível mundial. E os efeitos nefastos do quarto poder desvirtuado começam a se fazer sentir: a credibilidade dos jornalistas começa a ser posta em causa, uma vez que passam a ser vistos apenas como vedetas televisivas. O show off informativo começa a ser confundido como informação pertinente não tendo o consumidor da informação capacidade de destrinçar o que realmente interessa para si. Deste modo, ele engole tudo que lhe apresentam, com a agravante de este pensar que consumiu informação relevante.
Para a urgente mudança dos paradigmas comunicacionais estes dois teóricos apontam alguns caminhos: um deles tem a ver com necessidade urgente de ser fazer a alfabetização nos media como forma de controlo do quarto poder. Para Roger Silverstone, “ a sociedade civil tem de estudar os media a fim de impedir que estes obliterem os pensamentos e manipulem informações. A cidadania do século XXI requer um grau de conhecimento que até agora poucos têm, requer do indivíduo que saiba ler os produtos dos media e que seja capaz de lhe equacionar as estratégias”. Ou seja, o poder do conhecimento ganha neste século uma importância brutal. Conhecimento é poder, para o bem e para o mal. Separar o trigo do joio é o objectivo. No entanto, para Ramonet, “a absoluta liberdade dos meios não deve concretizar-se à custa dos cidadãos. Este será o século em que a comunicação e a informação estarão nas mãos do cidadão. Apoderarmo-nos da verdade é o triunfo da democracia”, aponta o director do LMD.
Marshall McLuhan previu e aconteceu “Quanto mais informação houver para processar menos se saberá”. No entanto, as novas propostas comunicacionais apontam no sentido em que, só consumimos a informação que realmente interessa por intermédio da tal alfabetização dos media. Muita informação não é sinónimo de actualização. Actualização é, isso sim, retirar da abundante informação conhecimentos práticos para a construção dos nossos valores e princípios. No fundo para comunicarmos melhor.


Jorge Paraíso

Braga, 19 de Fevereiro de 2008
publicado por Marco Freitas às 09:55

O *astrisco* não podia ignorar a passagem do director da RTP-M, Leonel Freitas, pelo Parlamento regional. Como era previsível, a RTP-M e o seu director saíram vencedores deste debate. E se existiu um vencedor significa que houve um ou mais derrotados.
Digo previsível porque os telespectadores conseguem perceber uma política informativa mais equilibrada e participativa na RTP-M. As opiniões favoráveis ao canal são crescentes e, só por isso, previa-se uma RTP vencedora no debate. Se somarmos a perspicácia e o conhecimento de causa do seu director fica claro qual seria o resultado da presença de Leonel Freitas no Parlamento. A meu ver, os verdadeiros derrotados foram os políticos e os partidos que representam todas sem excepção. Leonel Freitas demonstrou por A+B que este ou aquele partido não tiveram mais tempo de TV porque não sabem ou não conseguem participar na agenda mediática e que por serem representante do povo consideram que devem estar sempre no alinhamento editorial do canal. É claro que esta intenção não é exclusiva dos partidos mas a ida da RTP à ALR está simplesmente relacionada com os partidos.
Os partidos têm a tendência para ditar regras sobre a cobertura noticiosa da comunicação social, claro está, sempre em prol do maior interesse da verdade, da sua verdade. Esta tendência, diga-se em abono da verdade, também é culpa dos meios de comunicação social. E porquê? Porque desde sempre habituaram mal os partidos ao cobrir toda e qualquer acção partidária, por insignificante que fosse em termos informativos para a população. Porque há. Não se julgue que cada visita que um partido faz a um canto da ilha é motivo de notícia. Contudo, a comunicação social tem estado sempre presente. Um mau hábito com consequências para a liberdade de escolhas editoriais. Por isso, com tenho defendido, deveria existir uma “carta comum” para comunicação social regional que estabeleça regras básicas e que os actores políticos (e outros) aprendam a respeitar.
A RTP-Madeira ao ir ao parlamento com a postura que foi prestou um grande serviço à comunicação social regional. Saiba-se reconhecer isto.
publicado por Marco Freitas às 09:39

Quanto às sondagens feitas recentemente a pedido da Rádio Renascença, da SIC e do Expresso, uma notas muito curtas que devem ser observadas à luz das condicionantes que os estudos de opinião impõem quando sujeitos a análise.
Um dos aspectos relevantes do estudo é que os madeirenses parecem mostrar uma maior maturidade sobre o tema, talvez porque convivem com ela, pois são menos que os continentais a dizer que a Madeira deve ser independente. Na essência, porque não acham que é altura para isso ou simplesmente porque não atribuem valor superior e imediato à problemática. Já os continentais, parecem querer desligar-se da Madeira, porque estão fartos desta batalha política ou por puro gozo de imaginar uma Madeira incapaz de se auto governar. Podemos considerar que a temática da independência está a entrar no pensamento português continental? Seria um aspecto interessante a considerar e a estudar, designadamente do ponto de vista do lobby político que a Região tem feito directa e indirectamente através da comunicação social. Quanto ao mais, nada de novo no facto dos madeirenses quererem mais autonomia (aspecto que o PS nacional e regional ignoraram por completo nas últimas eleições) bem como o facto de não acharem que há défice democrático ou mesmo intenções separatistas nos discursos autonómicos locais.
Uma nota final para comungar da ideia de que o tema da independência ganhou novo fôlego com a gestão desastrosa de Sócrates em relação ao contencioso com as ilhas. Se este tem sido agitado pelo PSD-Madeira, às vezes de forma inconsistente e demagógica, a verdade é que o estado de espírito da população em relação as decisões do Terreiro do Paço é cada vez mais negativo. E como quem semeia ventos colhe tempestades talvez o tema da independência se torne mais presente na vida regional do que é esperado pelos políticos.
publicado por Marco Freitas às 09:37

O documento produzido pela SEDES sobre o espírito da nação na actualidade deve ser considerado como um alarme muito sério pois coloca o dedo em muitas feridas que o país recusa sarar.
O que ficou claro na análise da SEDES é que o país precisa de se renovar, melhor, de se reconstruir, da base ao topo, de maneira a encontrar o caminho mais adequado no mundo global de agora e dos próximos tempos.
É admirável ainda a forma livre e independente com esta organização de pensadores se posiciona. Por isso, o que é dito ali aplica-se a todo o país, sem excepção.
Para a SEDES “o mal-estar difuso” pode minar a coesão nacional e esta resulta de várias coisas como a degradação da confiança no sistema político e nos sinais de crise nos valores da comunicação social e da justiça. A SEDES chega a falar do “fracasso a democracia representativa” apontando grande responsabilidade aos políticos e aos partidos que “têm de ser capazes de mobilizar os talentos da sociedade para uma elite de serviços, a sua presença não pode ser dominadora a ponto de asfixiar a sociedade e não deve ser um objectivo em si mesmos”.
Somos todos responsáveis pelo país que temos, os muitos que se demitem de participar activamente na res publica, os que criticam sem acção e, claro está, os que o fazem de forma egoísta e irresponsável.
Desde o 25 de Abril de 1974 que Portugal não funciona como nação unida. Pior, tem sido uma coutada de partidos à procura de terreno para caça. Aceita-se a legitimidade e as mais valias da iniciativa própria e privada – não concebo a democracia de outra forma – contudo lamenta-se a ausência de uma política nacional que congregue um esforço nacional em prol do desenvolvimento global da nação, salvaguardadas as diferenças de cada região, de cada espaço social e cultural.
O regime está a cair de podre… e Roma assiste impávida do alto dos seus palácios ao fim do império….
publicado por Marco Freitas às 09:37

A vontade da Madeira em ser independente do território continental será tão velha quanto os primeiros tempos dos primeiros homens que pisaram a ilha. Em tempos mais remotos, o isolamento, a distância, a ausência de referências e de informação do poder central já eram factores de peso para essa vontade.
Com o tempo essa vontade foi adquirindo mais argumentos para justificar-se junto da população, tais como as decisões macrocéfalas de uma metrópole desconhecedora da vida das ilhas, ou ainda, o tratamento secundário dado a tudo que tivesse origem na Madeira e, não menos importante, uma gestão económica e financeira absoluta dos destinos da ilha, onde se inclui o pagamento de impostos sem a merecida retribuição.

Cabe também considerar neste leque de factores uma atitude partenalista que zelava pela dependência dos locais pelas mais-valias nacionais, ou melhor, da metrópole, coertando a pró-actividade local, a iniciativa e a ambição de ir mais longe.

Muito antes de Jardim, durante a sua era governamental, e muito depois continuar-se-á a falar de independência da Madeira, umas vezes de uma forma mais séria outras com muita fanfarronice à mistura.
Posto isto, alegar que o tema não faz sentido é menosprezar uma manifestação livre de vontade e, em última análise, negar todos os esforços em prol da autonomia da Região, já que o objectivo desta é a procura absoluta, dentro das normas mutuamente aceites, de uma independência clara e efectiva em relação ao continente.

Se tiver em conta muitos exemplos pelo mundo fora, sou forçado a recusar um paradigma que diz que só podemos falar de autonomia, mesmo que seja num plano avançado, como aquele sugerido por Jardim quando fala de “unidade diferenciada” .
Parece claro que a Madeira ainda não tem condições para debater-se por esse desiderato que é a independência – e as sondagens conhecidas demonstram a maturidade dos madeirenses a esse nível – mas quando estiver suficientemente evoluída económica e financeiramente e, em particular, no campo social e cultural, ou seja, da cidadania, nada impedirá os madeirenses de proclamar essa vontade. Exige-se, de facto, maturidade e uma grande capacidade diplomática, factores que não abundam nos dias de hoje na nossa classe política.

Contentemo-nos com a autonomia e façamos os possíveis para torná-la mais eficaz já que só assim conseguiremos gerir melhor os nossos destinos.
publicado por Marco Freitas às 09:36

Para os mais atentos as questões económicas, a notícia não surpreende: o PIB da Madeira é o segundo mais alto de Portugal.
Este indicador, aceite internacionalmente e também, óbvio, pela União Europeia, dá a medida global da riqueza de uma região ou país. Apesar disso, esta medida tem servido os mais diversos disparates da política, e de outros sectores, do universo madeirense.
O que merecia ser uma discussão séria sobre o modelo económico para o futuro é actualmente arma de arremesso entre os partidos com o objectivo de medir o sucesso ou insucesso de uma política governamental.
A comunicação social tem reflectivo este debate, quase sempre de uma forma fidedigna, dando voz às diferentes perspectivas sobre a questão. Mas, como tenho defendido várias vezes, o papel da comunicação social tem de ser outro, tem de ser mais interventivo, na medida em que pode colocar as questões certas para poder oferecer à opinião pública as melhores respostas possíveis. Claro está, sem uma agenda pré-definida, sem preconceitos, sempre em prol do esclarecimento rigoroso, não partindo de conclusões mas de meras hipóteses.
Ou seja, no caso em apreciação, perguntar por exemplo, porque é que todos assumem que países como Irlanda e o Luxemburgo são desenvolvidos, com base na mesma medida do PIB, e que a Madeira não o é? Perguntar de que forma concreta é que a Madeira ainda pode crescer mais, sem análise tendenciosas com dois pesos e duas medidas.
O tema é importante e tem sido integrado num conjunto de várias batalhas políticas. Por isso, é fundamental que a comunicação social saiba interrogar os decisores e os actores políticos sobre o sentido de responsabilidade que lhes é exigido pelos mandatos que o povo eleitor atribui designadamente para pensar o melhor futuro para todos os madeirenses e não só para determinadas categorias….
publicado por Marco Freitas às 09:35

O Jornal da Madeira anunciou, nas suas páginas, o aumento da sua tiragem para 15 mil exemplares. Uma evolução que merece alguns comentários.
Primeiro, isto significa que a medida de tornar gratuito o título colheu resultados interessantes e positivos em termos de leitores e de audiências, confirmando-se as vantagens da estratégia e da decisão do jornal.
Segundo, considerando-se que foi uma medida de gestão esperam-se outras soluções para rentabilizar o jornal de todos nós. Medidas de natureza empresarial e outras do foro editorial.
Terceiro, o notado interesse em ler o JM deve ser compensado com uma resposta positiva do jornal junto dos leitores, quer na melhoria dos conteúdos – sobretudo ao nível da opinião – quer no aumento de anunciantes, já que a ambos os níveis existem mais-valias informativas que os leitores podem receber.
Quarto, no caso de não se vislumbrar outras medidas de natureza empresarial podemos perfeitamente indagar que razões subjacentes levaram a tornar o JM gratuito e, sem a sua existência, equacionar seriamente o fim do projecto editorial do mesmo.
Quinto, considerar este fim pode parecer um exagero mas, mesmo com a protecção governamental, se nada for feito para participar activamente no mercado, o facto será incontornável pois não haverá leitores suficientemente interessados e, consequentemente, anunciantes para manter o projecto.
A somar à falta de gestão credível estão factores como o impacto da internet nas camadas mais jovens, a mudança cultural da sociedade com influência nos hábitos de leitura, o crescente desligar dos temas que tanto fazem correr tinta no papel, como é o caso da política.

A sociedade está a mudar. Se um jornal, seja ele qual for, pretende manter a sua actividade neste sociedade em mutação só tem de fazer uma coisa: acompanhar os passos da opinião pública, antecipar-se e manter os leitores, independentemente do suporte físico que utilizar.
publicado por Marco Freitas às 09:28

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