Comunicar pode ser fácil... Se no tempo que a vida nos permite procurarmos transmitir o essencial, desvalorizar o acessório e contribuir, num segundo que seja, para que a mensagem se assuma como tal e não como um universo de segredos...

31
Mar 08
Habitar uma sociedade mediática é muito mais do que reconhecer a sua existência, é saber enquadrar-se nas suas realidades e tirar o máximo proveito das vantagens que pode proporcionar. Não consegui-lo tem sido a grande falha de muitas empresas que preferem gastar milhões de euros com campanhas de marketing fenomenais e menosprezam a força da comunicação. Num mundo e num mercado complexo, fértil em ruído, saber comunicar e transmitir informação e ser objecto de notícia pelas razões certas é uma virtude e uma vantagem. Dizer que uma grande fatia do sucesso da comunicação externa das empresas passa por uma exposição mediática positiva não é nenhum exagero. Só aquelas empresas que ainda não experimentaram o contributo que a comunicação social pode dar a nível das relações com os diversos públicos-alvo é que continuam a aposta desenfreadamente em publicidade.
Muitas empresas receiam abrir as suas portas aos jornalistas porque temem ficar demasiadamente expostas. A verdade é que se não têm nada esconder, se desenvolvem processos de comunicação interna eficazes, as relações com os media, mesmo em situações consideradas de crise, serão sempre úteis para os objectivos da empresa.
Um aspecto fundamental nas relações com os jornalistas passa pelo conhecimento profundo dos profissionais, das redações, das políticas editoriais e, enfim, pela aceitação do tempo mediático. O tempo dos jornais, rádios e televisões não é o mesmo das empresas. Os interesses das empresas e dos media são obviamente diferentes mas são certamente conciliáveis.
Ter um boa história, com os elementos certos - como o herói, um fio condutor, uma ponta de emoção e um princípio, meio e fim - é o primeiro passo para obter a atenção dos jornalistas. Um jornalista reconhece uma boa história em segundos, por isso é fundamental aprender como contar de forma rápida e sucinta as informações que se pretendem ver publicitadas.
Mesmo uma história com os melhores ingredientes se for enviada para uma redacção pouco interessada na matéria há o sério risco de não haver notícia publicada ou então de encontrá-la nas páginas de classificados uma breve. Para o efeito, criar o inesperado e eventos diferentes é meio caminho andado para captar a atenção dos mass media. A criatividade e novos pontos de vista habitualmente dão bons resultados.
Para a convocação acertada dos media e para assegurar um reflexo interessante das informações é importante atender às audiências, usar um critério para a selecção dos media, estudar as publicações, os canais, quem cobre os tópicos que interessam. Este estudo dos “media” ajuda a perceber a sua política editorial, o formato preferido e o tipo de atitudes que revela perante os diferentes temas. De facto, as relações com os media devem ser sujeitas a uma estratégia que procure responder individualmente a todos os medios de comunicação.
Para além dos aspectos técnicos, sem uma atenção particular ao estabelecimento de relações cordiais com os jornalistas qualquer campanha de comunicação será vetada ao fracasso. Estas relações positivas podem ajudar uma empresa a perceber que orientação à informação irá ter. Mais, a confiança é fundamental para a relação dos jornalistas com as fontes e vice-versa. Independentemente das boas relações existentes é importante ter a noção de que um jornalista está sempre a trabalhar, tudo pode constituir motivo para notícia.

Apesar de encontrarmos em muitos livros sugestões sobre a melhor forma de entrar em contacto com os jornalistas, a verdade é que o bom-senso deve reger esses processos, tendo sempre em linha de conta pormenores como o tempo do jornalista, a segurança como se transmite a história e a abordagem da informação. Porque nem sempre um jornalista consegue dar seguimento imediato a uma informação a paciência pode ser um trunfo. Em vez de desesperar entre em contacto com o jornalista para saber se tem toda a informação necessária para completar a notícia. Ficará a conhcer em que ponto está o seu desenvolvimento.
Por fim, quando tiver de enviar uma informação a uma redacção é importante adoptar uma abordagem jornalística e escrever a nota ou o press release de forma clara e sucinta. Saber como os jornais escrevem, que tipo de títulos usa, as histórias que preferem, evitar os clichés e dotar a informação de um cunho que identidique a empresa nas diferentes situações em que contacta com os jornalistas é uma maneira de mostrar que os interesses dos media não passam despercebidos.
Em conclusão, o diálogo e o equilíbrio nas relações com os diferentes media são pedras fundamentais na construção do edifício de uma campanha de comunicação séria. Para além disto, a pró-actividade, a inovação, a colaboração activa e o respeito pelas regras dos jornalistas complementam o leque de condições para manter contactos bem sucedidos com os mass media.

cicerodebraga@netmadeira.com
publicado por Marco Freitas às 14:33

As empresas têm à sua disposição um vasto leque de instrumentos para comunicar com os seus diversos públicos. O recurso a mecanismos como os boletins empresariais, o mailing directo e também a internet são formas das organizações atingirem os seus públicos, de aumentarem a sua proximidade e de reforçarem as suas relações sociais externas.

Contudo, para conseguir fazer passar as suas mensagens à opinião pública as empresas dão prioridade à comunicação social. Até porque as notícias transmitidas através da comunicação social dotam a informação revelada da credibilidade que advém do facto dos jornais, rádios e televisões se tratarem de entidades externas e independentes, com um forte peso na sociedade.
Por isso, as empresas dedicam cada vez mais tempo às relações com os meios de comunicação social e, consequentemente, com os jornalistas. Não só para assegurar que a sua informação é emitida mas também que garantir que o é de forma correcta.

O poder da comunicação social é enorme. Com base numa notícia é possível construir ideias, causas, projectos, ou destruir organizações, personalidades públicas ou políticas de desenvolvimento. O poder da comunicação social é de facto enorme e nem sempre – talvez, quase nunca – os jornalistas têm uma noção clara do quanto uma notícia pode afectar a vida da sociedade.

De um lado da barricada temos as empresas a defenderem os seus interesses comerciais, sociais e financeiros, do outro temos os meios de comunicação com os seus diferentes interesses e ideais, entre os quais também se incluem os benefícios comerciais, sociais e financeiros próprios.
Algures no meio existe um espaço comum onde os interesses e objectivos se cruzam. As empresas e os meios de comunicação social que conseguirem partilhar e explorar este espaço comum serão os mais bem sucedidos junto da opinião pública e dos respectivos mercados.

A dificuldade e a polémica que encontramos neste quadro de relações tem muitas soluções mas a principal passa pela capacidade de, quer as empresas quer os jornalistas, conseguirem experimentar as diferentes realidades com as quais convivem diariamente, mas em palcos totalmente diferentes. Enfim, colocar-se na pele do outro. Isto é fundamental para assegurar o respeito pelos objectivos de cada um.

Há muito que reflectir sobre esta realidade. Nesse sentido iremos divulgar um conjunto de textos que podem ajudar a lançar o debate e a acrescentar mais dados para relações sadias entre as empresas e a comunicação social.
publicado por Marco Freitas às 14:31

Acabei de ler o livro de Luís Castro, conhecido jornalista da RTP, intitulado "Porque adoptámos Maddie".
O equilíbrio com que o jornalista aborda a temática - já longe da paixão dos momentos vividos logo após o rebentar do caso - a forma fácil e simples como escreve, a sinceridade que coloca na obra merece os mais rasgados elogios e a vontade de sugerir a sua leitura a todos os que se preocupam com as questões actuais da comunicação social.
O destaque apaixonado dado pela comunicação social ao desaparecimento da pequena Maddie só não encontra paralelo noutras situações devido ao impacto internacional adquirido, fruto do forte lobby movido por seus pais. Contudo, a edição desenfreada e notícias sobre o caso encontra semelhanças com situações como a ponte de Entre-os-rios, o caso Casa Pia ou a causa pró-Timor.
Logo, a análise efectuada pelo jornalista que admite um certo exagero, apesar de correcta e justa, confirma que a comunicação social continua a manter vícios ao nível da cobertura editorial de eventos extraordinários que dificilmente serão ultrapassados, já que o que dita esses comportamentos, que chegam a roçar o ilógico e o desumano - são as audiências. Neste caso, foram as pressões da imprensa internacional que ditaram o dia-a-dia da comunicação social nacional.

O caso Maddie alerta ainda para a relação dos lobbistas e dos homens da comunicação com a imprensa. Luís de Castro aborda esta questão algo por alto mas deixou o seu claro alerta para a influência dos lobbys altamente profissionais junto de uma comunicação social nacional menos preparada, em particular para situações de crise, nas quais os homens da comunicção ditam as regras e os procedimentos de comunicação, controlando a distribuição de dados. O caso Maddie foi um exemplo paradigmático de como a paixão abafa o rigor...

o *astrisc*
publicado por Marco Freitas às 12:04

19
Mar 08
Fui informado, por quem de direito, que o “off” realizado pela SIC sobre o homicídio da Ponta do Sol resultou menos bem porque houve um engano no registo ao nível das imagens tendo passado em pano de fundo o Parlamento Regional. Errar é humano e só se molha quem anda há chuva. Sem dúvida…

Respeitando o espírito deste blog, (de aceitar a crítica e valorizar a diferença de perspectiva e de opinião) é importante que se diga que o erro nunca foi atribuído aos correspondentes do canal da Região – pessoas por quem tenho a maior estima pessoal e profissional – mas sim à edição nacional. Não podia ser de outra forma e para quem acompanha esta actividade com alguma distância e seriedade não deve pensar outra coisa.

Uma leitura atenta ao meu comentário permite identificar quem são os responsáveis, materiais e morais, por acontecer situações semelhantes, tantos nos canais de televisão ou de rádio e nos títulos impressos. Para que fique claro: as chefias editoriais que elegeram o jornalismo “sanguinário” como prioridade e os políticos que alimentaram este tipo de jornalismo com as suas posturas e estratégias.

Como tal, servir-se do comentário feito neste blog para denegrir a imagens daqueles profissionais madeirenses é de muito mau tom e muito certamente revelador da sede destrutiva que alimenta a sociedade de hoje… Ser construtivo é muito raro nos dias de hoje e muito pouco valorizado. Prefere-se dar prioridade à mesquinhez, à critica destrutiva, ao denegrir quem não pertence ao mesmo tipo de esquema conspirativo e socialmente dependente de pequenos gurus da verdade.

Aprendi a lição, serei ainda mais claro nos meus comentários para evitar aproveitamentos descontextualizados com fins mesquinhos de prejudicar esta ou aquela pessoa. Não é o objectivo deste exercício de cidadania que é o *astrisco*, ao contrário de muitos outros blogs que pululam por aí.

Quanto ao tom irado com que tenho vindo a manifestar opinião no meu blog está muito relacionado com a passividade com que se olha para o dia-a-dia, sem vontade de fazer e de dizer mais, sem procurar soluções para os mais pequenos e os maiores problemas. Encontramos alguma denúncia, é verdade; mas sem acção correspondente. Isto não é frustrante quando vemos uma região a precisar de reacção, quando vemos uma país em curva descendente e sem soluções no horizonte?

O que aconteceu na SIC acontece inúmeras vezes noutros meios. Este caso foi somente utilizado como exemplo daquilo que se tem passado em termos de jornalismo nacional em relação à Madeira. Há outros melhores reconheço, mas o facto de ter acontecido num dos canais mais rigorosos do nosso panorama chocou-me e deixou-me preocupado pois as situações de contágio são bem possíveis.

Um dos alvos de que falo, verdadeiramente responsável por se ver um jornalismo que politiza tudo o que acontece na região é, precisamente, todos os políticos na região e no país que tratam da Madeira sob esse prisma.
A Madeira é muito mais do que a sua vida política…. Todos concordarão. Mas então porque se faz tão pouco para dizer ao Continente que olhe para nós com outras perspectivas? Todos devemos fazer um pouco para que essa ideia mude e, da minha parte, este é o meu singelo contributo: o alerta de situações pouco correctas.

Foi um engano, um erro editorial despropositado. Até podia não ser! A SIC está no direito que colocar as imagens que bem lhe aprouver para acompanhar qualquer “off” ou peça jornalística.
Mas este engano reflecte estereótipos subjacentes sobre a visão de há da Madeira. Se houve uma grande dose de inconsciência nesta falha não podemos falar de outras da mesma forma. Fará algum sentido que seja a figura do presidente do Governo Regional a aparecer numa fotografia numa peça de um qualquer diário cujo tema é o impacto de uma actividade económica na Região? Para quem vê o mundo sob o signo da política, talvez. Para quem precisa de se mostrar a outro nível é absolutamente redutor porque encontra uma barreira para mostrar aquilo que a Região é e o que pode ser.

Infelizmente, muito do jornalismo nacional que se faz sobre a Madeira está reduzido à política e à desgraça. E nisto, a par das chefias editoriais nacionais, as entidades governativas regionais têm uma enorme responsabilidade pois nunca foram capazes de colocar em prática uma campanha de lobby a alertar para a outra Madeira. Contra factos não há argumentos… Se a Madeira não apresenta factos vencem os argumentos.

O autor do *astrisco*
Marco Freitas
publicado por Marco Freitas às 18:07

18
Mar 08
Qual a probabilidade do Parlamento Regional e de dois rapazes que alegadamente mataram um idoso poderem ter algo em comum? Nenhuma, se a SIC não tivesse realizado uma peça jornalística sobre o crime.
Tenho a noção de que a situação passou ao lado de muito boa gente ou então que impera uma passividade tão grande que se perdeu a lucidez para repudiar acontecimentos graves como a notícia que a SIC produziu, designadamente aquilo que foi utilizado como imagem.
Como é óbvio não coloco em causa a determinação de que o crime era notícia. É política editorial, que pode ser discutível mas que tem de ser respeitada. Mas, utilizar em toda a peça sobre tão hediondo crime o parlamento regional como imagem de fundo, com os deputados em actividade, é certamente discutível e, a meu ver, uma solução editorial de muito mau gosto, pobre, incompetente e absolutamente nada jornalística. É até ofensivo para a família que perdeu um ente querido.

Faz algum sentido? Claro que não. Aliás, no mesmo bloco informativo onde se deu destaque a situações semelhantes não vi reproduzida a Assembleia da República para o crimes nacionais ou as assembleias municipais dos locais onde se deram os crimes.
A opção editorial foi errada e atesta das mentes pouco iluminadas daqueles que fazem jornalismo sobre a Madeira.
Existe alguém que encontre alguma explicação dentro dos mais válidos cânones editoriais que justifique imagens de um parlamento político como base de um texto sobre um crime? Se encontrarem digam-me, porque, então, preciso de rever a minha percepção positiva que tenho do jornalismo nacional.

Por amor de Deus, uma imagem qualquer de um qualquer ponto da ilha seria aceitável já que não tinham imagens associadas ao crime.
Finalmente, esta situação não será demonstrativa da visão pequena que os continentais têm da Madeira? A Madeira não é o parlamento.
Já agora, seria fundamental que alguém com responsabilidades ao nível do jornalismo actuasse em situações destas.
publicado por Marco Freitas às 15:04

Em discussões de café, na internet ou nos diferentes espaços da comunicação social encontramos debates sobres sobre as maleitas do nosso querido país, as suas causas e, algumas vezes, ideias sobre como seria possível melhorar o actual estado de coisas negativo que vem invadindo a alma portuguesa.
Nestas apaixonantes conversas, privadas ou públicas, tanto parece ser fácil salvar o país como deixar-se perder no marasmo que paulatinamente toma conta de várias vertentes da vida nacional. Somos assim. Somos aquele povo que nem governa nem se deixa governar.
O alerta recente da SEDES – um dos poucos mereceram grande destaque na comunicação social nacional – traduz o colapso em que Portugal evidencia, designadamente ao nível das suas estruturas públicas mais representativas.
Há que recear este colapso?! Não, claro que não. Pelo contrário, deseja-se que aconteça para que se torne possível uma ruptura de regime, político e social, e o traçar de um caminho mais seguro, estável e orientado.
Em suma, no meu ponto de vista, é preciso organizar Portugal. À moda dos países latinos não comungamos de uma ideia de sociedade organizada, trabalhada estrategicamente. Preferimos viver consoante a onda ou o vento das políticas em voga, promovidas por este ou aquele líder, partido ou organização.
Os portugueses precisam de aprender a ser organizados. Por isso, antes de gastarmos milhões de euros em campanhas internacionais de imagem com pouca base de sustentação real, é prioritário investir na essência da nação, na criação de um espírito nacional organizativo, capaz de limitar os fracassos das muitas decisões incoerentes que os decisores políticos e governamentais tomam em nome do chamado “bem comum”.
A referência aos políticos e a toda a sua classe não é fortuita nem demagógica ou sine sensu.
Fruto da revolução de Abril, temos um país governado por uma classe que se auto-proclamou capaz de dirigir os destinos de uma nação mas que ao mesmo tempo procura obter benefícios directos com essa gestão. Tenho dúvidas que as múltiplas organizações que surgiram na nação depois da revolução dos cravos tenham capacidade para amputar o poder tentacular alcançado pelos partidos, organizações que visam, quase exclusivamente, a sua perpetuação desde os corredores do poder ao mais recôndito dos cantos de Portugal.
Como alguém recordava no outro dia, numa dessas conversas de café, dificilmente será possível ter vida política fora de um partido. E eu acrescento: quando se diz que o regime actual está falido também é preciso assumir a renovação radical dos partidos, começando por um mea culpa em relação ao actual estado da nação.
Num país onde se pode estacionar em passeios, contra a lei e de forma impune, ou se gastam milhões na manutenção de compromissos internacionais para assegurar uma imagem e uma presença no mundo, e se descura as dificuldades internas parece que fica tudo dito quanto à necessidade de organizar Portugal e as suas prioridades.
Para o efeito, é necessário assumir que a nação atingiu o “grau zero”, ou seja, que todo e qualquer esforço para melhorar é ineficaz. Assim, numa revolução social e cultural assumida por algumas elites – onde de forma condicional se pode incluir os mais capazes da actual classe política – seria possível traçar uma “carta organizativa de Portugal”, interna e externa, com o apoio da população.
O olhar individual de um líder ou a estratégia de um partido não determina a razão de um país… Portugal não se organiza porque não sabe como e porque prefere viver dependente das influências individuais, dos rasgos de génio de líderes e da sorte das conjunturas.
Eu digo: é preciso tornar o país mais frio, mais calculista, mais mecânico e menos emocional.
O ser apaixonado português tem bloqueado o bem-estar geral. Temos modelos bem sucedidos que muitos recusam aplicar porque, simplesmente, não foram eles (os que recusam) a criá-los ou a desenvolver com eficácia. Falamos, naturalmente, da inveja, da incapacidade para ouvir e para aprender.
Nos dias de hoje, antes de mais, precisamos de saber aprender, o que implica refrear a tendência individual e egoísta de que só sabemos ensinar e aquilo que pensamos estabelece as validades e as regras a aplicar.
Se Portugal tiver capacidade para aprender - o que significa o reconhecimento dos erros – não tenho dúvidas que saber-se-á organizar os mais diversos sectores de actividade em prol de um bem comum.
Esta organização é também meio caminho andado para a transparência e, consequentemente, para a redução da tão propalada corrupção. Por isso, organizem-se.
publicado por Marco Freitas às 14:47

02
Mar 08
O quinto poder ou o grito da revolta

Após atenta leitura de um pequeno livro sobre o “Quinto poder em defesa do futuro cidadão”, e não obstante a publicação datar do ano de 2006, não deixa de ser aliás pertinente uma pequena reflexão, até porque o tema, além de actual é urgente ser pensado.
No ponto número dois da publicação de Manuela Espírito Santo é aflorada uma proposta de criação de um contra-poder que defenda os interesses do cidadão perante a avalanche informativa que os media actuais apresentam ao espectador/leitor/ouvinte incauto. Estamos a falar da proposta de criação do Quinto Poder, um poder que tenha como principal objectivo a defesa dos interesses do cidadão consumidor de informação. O famigerado Quarto Poder, tão do gosto dos grandes grupos económicos que controlam os media já não serve os propósitos iniciais para os quais nasceu. Esse está completamente dominado, completamente debaixo da alçada dos magnatas da comunicação social mundial. A obtenção desenfreada do lucro a qualquer preço inverteu totalmente a lógica comunicacional subjacente ao chamado quarto poder. A volta por cima tem de ser dada e já não faltam teóricos da comunicação a estudar a questão e a lançar temas para o debate.
Ignacio Ramonet, director do Le Monde Diplomatique, aponta como principais culpados da morte do Quarto Poder os grandes meios de Comunicação Social. Na opinião daquele especialista francês, “estes abandonaram a função de vigilantes do poder estabelecido e de denúncia da traição dos grandes grupos económicos que dominam o mercado da informação”. Ramonet vai mais longe e afirma mesmo que “não há muito a Comunicação Social ia cumprindo o seu papel de contra poder, denunciando as prevaricações dos poderes públicos, mas agora essa função foi abandonada, chegando mesmo ao ponto de se aliar ao poder para oprimir o cidadão”.
Nesta linha de pensamento surge também Roger Silverstone, professor de Comunicação na London School of Ecomonics. Para este especialista, denunciar o desvirtuamento do quarto poder perante os objectivos que se propunha alcançar é necessário. As alternativas têm de começar já a ser tratadas e delineadas, nomeadamente com o que ele chama de intervenção cidadã, o tal grito de revolta perante o desagradável panorama incomunicacional a nível mundial. E os efeitos nefastos do quarto poder desvirtuado começam a se fazer sentir: a credibilidade dos jornalistas começa a ser posta em causa, uma vez que passam a ser vistos apenas como vedetas televisivas. O show off informativo começa a ser confundido como informação pertinente não tendo o consumidor da informação capacidade de destrinçar o que realmente interessa para si. Deste modo, ele engole tudo que lhe apresentam, com a agravante de este pensar que consumiu informação relevante.
Para a urgente mudança dos paradigmas comunicacionais estes dois teóricos apontam alguns caminhos: um deles tem a ver com necessidade urgente de ser fazer a alfabetização nos media como forma de controlo do quarto poder. Para Roger Silverstone, “ a sociedade civil tem de estudar os media a fim de impedir que estes obliterem os pensamentos e manipulem informações. A cidadania do século XXI requer um grau de conhecimento que até agora poucos têm, requer do indivíduo que saiba ler os produtos dos media e que seja capaz de lhe equacionar as estratégias”. Ou seja, o poder do conhecimento ganha neste século uma importância brutal. Conhecimento é poder, para o bem e para o mal. Separar o trigo do joio é o objectivo. No entanto, para Ramonet, “a absoluta liberdade dos meios não deve concretizar-se à custa dos cidadãos. Este será o século em que a comunicação e a informação estarão nas mãos do cidadão. Apoderarmo-nos da verdade é o triunfo da democracia”, aponta o director do LMD.
Marshall McLuhan previu e aconteceu “Quanto mais informação houver para processar menos se saberá”. No entanto, as novas propostas comunicacionais apontam no sentido em que, só consumimos a informação que realmente interessa por intermédio da tal alfabetização dos media. Muita informação não é sinónimo de actualização. Actualização é, isso sim, retirar da abundante informação conhecimentos práticos para a construção dos nossos valores e princípios. No fundo para comunicarmos melhor.


Jorge Paraíso

Braga, 19 de Fevereiro de 2008
publicado por Marco Freitas às 09:55

O *astrisco* não podia ignorar a passagem do director da RTP-M, Leonel Freitas, pelo Parlamento regional. Como era previsível, a RTP-M e o seu director saíram vencedores deste debate. E se existiu um vencedor significa que houve um ou mais derrotados.
Digo previsível porque os telespectadores conseguem perceber uma política informativa mais equilibrada e participativa na RTP-M. As opiniões favoráveis ao canal são crescentes e, só por isso, previa-se uma RTP vencedora no debate. Se somarmos a perspicácia e o conhecimento de causa do seu director fica claro qual seria o resultado da presença de Leonel Freitas no Parlamento. A meu ver, os verdadeiros derrotados foram os políticos e os partidos que representam todas sem excepção. Leonel Freitas demonstrou por A+B que este ou aquele partido não tiveram mais tempo de TV porque não sabem ou não conseguem participar na agenda mediática e que por serem representante do povo consideram que devem estar sempre no alinhamento editorial do canal. É claro que esta intenção não é exclusiva dos partidos mas a ida da RTP à ALR está simplesmente relacionada com os partidos.
Os partidos têm a tendência para ditar regras sobre a cobertura noticiosa da comunicação social, claro está, sempre em prol do maior interesse da verdade, da sua verdade. Esta tendência, diga-se em abono da verdade, também é culpa dos meios de comunicação social. E porquê? Porque desde sempre habituaram mal os partidos ao cobrir toda e qualquer acção partidária, por insignificante que fosse em termos informativos para a população. Porque há. Não se julgue que cada visita que um partido faz a um canto da ilha é motivo de notícia. Contudo, a comunicação social tem estado sempre presente. Um mau hábito com consequências para a liberdade de escolhas editoriais. Por isso, com tenho defendido, deveria existir uma “carta comum” para comunicação social regional que estabeleça regras básicas e que os actores políticos (e outros) aprendam a respeitar.
A RTP-Madeira ao ir ao parlamento com a postura que foi prestou um grande serviço à comunicação social regional. Saiba-se reconhecer isto.
publicado por Marco Freitas às 09:39

Quanto às sondagens feitas recentemente a pedido da Rádio Renascença, da SIC e do Expresso, uma notas muito curtas que devem ser observadas à luz das condicionantes que os estudos de opinião impõem quando sujeitos a análise.
Um dos aspectos relevantes do estudo é que os madeirenses parecem mostrar uma maior maturidade sobre o tema, talvez porque convivem com ela, pois são menos que os continentais a dizer que a Madeira deve ser independente. Na essência, porque não acham que é altura para isso ou simplesmente porque não atribuem valor superior e imediato à problemática. Já os continentais, parecem querer desligar-se da Madeira, porque estão fartos desta batalha política ou por puro gozo de imaginar uma Madeira incapaz de se auto governar. Podemos considerar que a temática da independência está a entrar no pensamento português continental? Seria um aspecto interessante a considerar e a estudar, designadamente do ponto de vista do lobby político que a Região tem feito directa e indirectamente através da comunicação social. Quanto ao mais, nada de novo no facto dos madeirenses quererem mais autonomia (aspecto que o PS nacional e regional ignoraram por completo nas últimas eleições) bem como o facto de não acharem que há défice democrático ou mesmo intenções separatistas nos discursos autonómicos locais.
Uma nota final para comungar da ideia de que o tema da independência ganhou novo fôlego com a gestão desastrosa de Sócrates em relação ao contencioso com as ilhas. Se este tem sido agitado pelo PSD-Madeira, às vezes de forma inconsistente e demagógica, a verdade é que o estado de espírito da população em relação as decisões do Terreiro do Paço é cada vez mais negativo. E como quem semeia ventos colhe tempestades talvez o tema da independência se torne mais presente na vida regional do que é esperado pelos políticos.
publicado por Marco Freitas às 09:37

O documento produzido pela SEDES sobre o espírito da nação na actualidade deve ser considerado como um alarme muito sério pois coloca o dedo em muitas feridas que o país recusa sarar.
O que ficou claro na análise da SEDES é que o país precisa de se renovar, melhor, de se reconstruir, da base ao topo, de maneira a encontrar o caminho mais adequado no mundo global de agora e dos próximos tempos.
É admirável ainda a forma livre e independente com esta organização de pensadores se posiciona. Por isso, o que é dito ali aplica-se a todo o país, sem excepção.
Para a SEDES “o mal-estar difuso” pode minar a coesão nacional e esta resulta de várias coisas como a degradação da confiança no sistema político e nos sinais de crise nos valores da comunicação social e da justiça. A SEDES chega a falar do “fracasso a democracia representativa” apontando grande responsabilidade aos políticos e aos partidos que “têm de ser capazes de mobilizar os talentos da sociedade para uma elite de serviços, a sua presença não pode ser dominadora a ponto de asfixiar a sociedade e não deve ser um objectivo em si mesmos”.
Somos todos responsáveis pelo país que temos, os muitos que se demitem de participar activamente na res publica, os que criticam sem acção e, claro está, os que o fazem de forma egoísta e irresponsável.
Desde o 25 de Abril de 1974 que Portugal não funciona como nação unida. Pior, tem sido uma coutada de partidos à procura de terreno para caça. Aceita-se a legitimidade e as mais valias da iniciativa própria e privada – não concebo a democracia de outra forma – contudo lamenta-se a ausência de uma política nacional que congregue um esforço nacional em prol do desenvolvimento global da nação, salvaguardadas as diferenças de cada região, de cada espaço social e cultural.
O regime está a cair de podre… e Roma assiste impávida do alto dos seus palácios ao fim do império….
publicado por Marco Freitas às 09:37

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