Comunicar pode ser fácil... Se no tempo que a vida nos permite procurarmos transmitir o essencial, desvalorizar o acessório e contribuir, num segundo que seja, para que a mensagem se assuma como tal e não como um universo de segredos...

21
Dez 07
Algumas notas sobre a nova imagem de Portugal para o exterior e o processo:

- Portugal vai promover-se no estrangeiro com uma nova imagem, que foi apresentada recentemente pelo ministro da Economia, Manuel Pinho, e o Secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade.

- Nota interessante, segundo o ministro: é que é a primeira vez que todos as instituições responsáveis pela promoção da imagem de Portugal actuam de forma coordenada (Talvez este aspecto devesse ser publicitado na campanha). Contudo, classificar isto como a parte inovadora da campanha é, francamente, muito pouco e diz muito do seu conteúdo.

- A ideia base é promover o conceito de Portugal como "a costa Oeste da Europa". Soa-me algo a cowboys. Em inglês, "west cost" lembra o tempo dos westerns.

- O ministro garantiu que tudo agora vai ser diferente. Portugal vai aparecer como país empreendedor... Recuemos alguns anos na nossa história recente. Quem eram as figuras que representavam a imagem da nação no estrangeiro e que, até há pouco tempo, tiveram maior reconhecimento? Eusébio, como embaixador do Futebol, e Amália, a representante máxima do Fado.
Então que inovação apresenta esta campanha que nos deverá distinguir no mundo que se diferencie de uma época nada positiva para o País no espaço internacional? AH!, claro: Cristiano Ronaldo, Mourinho, (os novo embaixadores do futebol luso) e Marisa (o expoente máximo do fado actual). Inovador, não é?
O que tem piada é que li muitos comentários de especialistas da comunicação e ninguém se aventurou a esta associação. Porque será? Será que afinal de contas continuamos imbuídos do espírito pacóvio da altura?

- O projecto foi montado em tempo recorde. Um aspecto interesante, não fosse o facto do cartaz que saiu com a Marisa ter um erro. A palavra Europa apareceu em inglês num cartaz que estava em Português. Sim senhor... Inovador, nada comum em Portugal...!!!

- 3 milhões de euros é o valor da campanha. Apesar de não se saber quanto é que vai custar a sua segmentação posterior para o turismo e para os investidores.
Duas notas sobre isto: a) não se conhecem indicadores sobre a capacidade de retorno da campanha. b) num país sem dinheiro uma certa contenção não parecia mal para o exterior... Aliás, esta poderia ser uma ideia gira: somos um país pobre mas queremos evoluir.. contamos com o vosso apoio.. invistam em Portugal, gaste em Portugal...

- Bom!... A campanha é considerada um ponto de viragem na forma como a nação deve ser percepcionada no estrangeiro. Pois... Era preciso, primeiro, que se mudasse o país todo, os seus governantes e se eliminasse de uma vez por todas esta incrível faculdade de dar tiros nos pés. Um exemplo, só um: o presente governo prometeu um Plano Tecnológico. Açores e Madeira têm das taxas mais baixas de IVa na Europa e, no caso da Madeira, outros argumentos económicos e financeiros para atrair as empresas de e-business e e-commerce. O que é que o líder da nação decide fazer: promover um acordo para mudar a directiva do IVA, com claro prejuízo para a Madeira e, digo eu que sou português, para a nação. Em troca de quê?: de aplausos. Tragédia grega... é disto que nos precisamos livrar.

- Preparada a campanha cabe agora aos Portugueses, aos empresários e ao cidadão comum, contribuir para isso. Para alcançar tal desiderato parece que haverá uma campanha de nível interno. Muito bem. Estou curioso para saber o que este Governo (como tantos outros), tão rigoroso e organizado, nos irão dizer...

- Portugal, ao longo da sua história recente tem procurado criar uma imagem, uma marca para o País. Concordo com aqueles que dizem que um país não é nem pode ser uma marca na perspectiva comercial. Porém, uma nação é constituída por muitas marcas. Muitas são positivas, dignas desse nome, inovadoras e únicas... Contudo, aquelas que têm vingado, aquelas que têm marcado o País falam de instabilidade, incapacidade, pequenez e de uma rudez mental que impede o país de crescer. A inveja e a vingança impõem-se ao sucesso e ao empreendedorismo com sucesso. É disto que o país é feito: de pessoas que valorizam as lutas intestinais que em nada contribuem para um futuro melhor.
Ser um país de futuro é saber valorizar o passado na media em que aprendemos com ele. Não adianta dizer que fomo pioneiros (note-se o paralelismo com os cowboys, mais uma vez) e esquecer os erros cometidos na história que se seguiu.

Sinceramente, o que precisamos é de uma campanha interna forte, durante largo tempo, para criar um espírito nacional mais evoluído, desprendido dos preconceitos e vício estruturais alimentados pela revolução de 74, e só então partir para a promoção externa,com a certeza de que o background está bem seguro.

o *astrisco*
publicado por Marco Freitas às 10:42

14
Dez 07
Será que a decisão do Jornal da Madeira passar a gratuito a partir de Janeiro irá contribuir para mais alguma movimentação na cena da comunicação social regional?
O director do grupo Liberal - que entre outros títulos possui o jornal Cidade (o primeiro gratuito digno dessa classificação na Madeira) veio a público insurgir-se contra a decisão do Governo Regional, ainda detentor do JM. Na perspectiva do empresário é uma forma de distorcer as regras da concorrência e de mercado. A este propósito registe-se os seguintes aspectos:

- Num Estado dito livre e democrático, o que pode ou deve impedir os Governos, como organização social e política, de possuir meios de comunicação social para comunicar a sua agenda? No caso de deter meios de comunicação social porque não podem gerir os mesmos como lhes aprouver, desde que acautelem as razões dos contribuintes?

- Em Portugal, o Estado dispõe de rádios e de canais televisivos, a exemplo de muitos outros, na Europa e noutros continentes.
O que é estranho é ver a pressão que se faz para o Governo Regional não ter o JM e esquecer, pura e simplesmente, o restante cenário nacional. Os principios não se aplicam a todos?

- O JM é gerido com dinheiros públicos. Como tal, o GR está obrigado a estabelecer o melhor caminho para evitar que este título prejudique, a vários níveis, os contribuintes. Podia pedir-se. Mas se a sua gestão for capaz de cobrir os custos de publicação é certo que os contribuintes não são lesados. Infelizmente, nos dias de hoje, não é o que acontece.
As apostas editoriais que o JM se prepara para fazer terão, certamente, este fim: o de reduzir custos e o de melhorar receitas. Afinal de contas, há postos de trabalho e famílias a defender.
Manter uma situação de apoio ao jornal como o actual é que lesa a concorrência e o mercado. Numa situação normal o JM teria de fechar as portas. Como tal, há que criar condições para vingar neste sector de actividade difícil.

- O JM e os seus profissionais enfrentam um desafio enorme.
Será tanto mais bem sucedido quanto souber dinamizar a sua estrutura de trabalho e de gerir eficácia. A solução passará por uma estrutura mais leve, célere e activa. Isto pode significar mudanças e o fim de alguns vícios... Será possível concretizar esta mudança? Se a aposta do Governo for séria: sim. Para quando? Bem, esse é outro problema a resolver.

- Quanto à restante comunicação social regional: note-se que o mercado é aberto e há uma imensidão de opções. O DNM está a evoluir para o futuro, para o online. O Cidade inaugurou um novo conceito na Região, as rádios e a televisão estão mais dinâmicas.

Em suma, o consumidor deverá reagir e por isso não tardaremos a perceber os resultados e as escolhas.

*astrisco*
publicado por Marco Freitas às 10:33

13
Dez 07
canais.jpg

Segundo dados da MediaMonitor, em novembro de 2007 a RTP1, RTP2, SIC e TVI emitiram 70 192 peças de publicidade (sem as referentes ao próprio canal), o que corresponde a uma média de 585 inserções por canal, 478 horas de publicidade (uma média diária de 3 horas e 51 minutos por canal).
Entre muitos outros aspectos, no limite, isto poderia significar por exemplo que as horas que uma pessoa na vida activa dispõe para ver televisão poderiam estar preenchidas com spots publicitários.

Esta radicalização tem como propósito abrir uma linha de discussão - ou melhor, procurar entrar nas discussões já em cima da mesa - sobre a relacção da publicidade com a Tv e destes duas vertentes com os tele-espectadores.
É conhecida a importância dos anunciantes para os canais - e este entram na televisão por outras portas, como o caso do product placement - mas também aquilo que estes têm de fazer para vender mais espaços publicitários. O problema é que isto geralmente corresponde à baixa de qualidade televisiva, ao popularucho, às intrigas da vida real e das novelas... A valorização do tele-espectador fica para segundo plano. Dizem, os canais, que valorizam o auditório quando correspondem às suas exigências... Tenho dúvidas de que três horas consecutivas de novelas sejam benéficas para a saúde cultural do consumidor de televisão português.
Onde fica o papel formador da comunicação social...?

*astrisco*
publicado por Marco Freitas às 11:37

12
Dez 07
foto do dia.jpg
Ataque bombista na Algéria
A morte de mais 26 pessoas num ataque terrorista é a notícia do dia. Merece destaque hoje porque foge ao comum, àquilo que acontece diariamente em terras como o Iraque e o Afeganistão. O facto de onze elementos da ONU terem morrido determinou o destaque deste atentado...
O papel da comunicação social em relação a este tipo de eventos tem sido profusamente discutido. Sem conclusões sérias. Mas, motiva reflexão sabermos que muitos destes atentados contam com a divulgação mediática para fazerem vingar as suas estratégias políticas e de guerrilha... Será assim tão despropositado, desleal ou anti-ético estabelecer regras para a cobertura mediática destes assuntos, de maneira a esvaziar o espaço mediático que tanto procuram? Falo de rubricar um acordo mundial a este nível...
Censura, dirão! Eu respondo: segurança, bem-estar, direito à vida e recusa do estado de guerra cultural...

*o astrisco*
publicado por Marco Freitas às 10:57

10
Dez 07
Pois... Fez bem o Público ao reconhecer o erro... Contudo, se lermos bem o "pedido de desculpa" do jornal percebemos que, afinal, não houve um erro... Ou seja, se tivessem escrito que aquele resultado era fruto de uma sondagem e não a expressão real do voto popular estaria tudo bem... Tem piada... E ninguém reparou nisso?... Mais: faz algum sentido fazer uma primeita página sobre uma noite eleitoral - ainda por fechar - sem esperar pelo fecho da contagem? A verdade é que o erro foi maior do que se podia supor:primeiro ignora-se o resultado final da contagem; depois assume a sondagem como resultados; dá-se honras de primeira página ao tema e esquece-se de informar que a conclusão tirada pelo jornal é baseada numa sondagem... Bem, se calhar a culpa foi daqueles que votaram contra o Chaves...

*astrisco*
publicado por Marco Freitas às 11:31

Depois de algum tempo com sucesso à frente do Diário Económico, Martim Avillez Figueiredo decidiu aceitar o convite da Sonae SGPS para assumir o cargo de director de Relações Institucionais e da Marca Sonae. Ver mais em http://www.meiosepublicidade.pt/
publicado por Marco Freitas às 10:40

07
Dez 07
Onde está a campanha de comunicação e imagem que dizia-se ser necessária para criar uma maior empatia do continente com a Madeira?
A pergunta coloca-se porque, para além de preocupar-se com as questões da realidade social madeirense em geral, este blog procura estar atento às problemáticas que envolvem processos de comunicaão, tanto no plano puro das relações públicas como ao nível da imprensa.
A Madeira é um desses casos, dessas problemáticas, como bem disseram ainda este ano altos representantes do Governo da Região e do partido que o sustenta.
Por isso, onde está a campanha que defenderam ser necessária? É difícil de concebê-la? Certamente. É dispendiosa. Sem dúvida. Ainda assim, a necessidade impera... E. como tudo na vida, a necessidade aguça o engenho. Ou, entretanto, chegou-se à conclusão de que a campanha era um excedente da imaginação..?
A "declaração de paz" que Jardim fez depois de vitorioso nas eleições bastou para abrir caminho a um novo rumo nas relações com a governação do continente?
O problema é mais profundo. Se é verdade que o actual governo é hostil à Madeira - como atesta a inversão de posição em relação à defesa das vantagens que o IVA da Região apresentava internacionalmente - também se confirma que na população continental em geral há uma percepção deturpada da vida na Madeira, do seu desenvolvimento e da forma como vivemos o país.
Para defender a Madeira no futuro de governos hostis, deste ou de outro partido, não será melhor começar a gerar uma imagem mais favorável na população nacional, começando por tirar partido das ideias favoráveis que já existem e que resultam das muitas pessoas que nos visitam? É altura de pensar a sério nisto.
publicado por Marco Freitas às 16:04

05
Dez 07
2680. Este é o total de peças jornalísticas que foram escritas entre o dia 19 de Fevereiro e o dia 13 de Maio de 2007, relacionadas com as eleições antecipadas provocadas pela demissão de Alberto João Jardim, na sequência da promulgação da Lei das Finanças das Regiões Autónomas.

Já por aquela altura, percebendo a dimensão histórica deste período da vida da Região, decidiu-se acompanhar a sua cobertura jornalística, perspectivando igualmente o registo de alguns dos momentos mais interessantes da batalha política que se adivinhava e o comportamento da comunicação social em relação aos mesmos.

Registamos 84 dias de notícias, nos quais o Diário de Notícias da Madeira asinalou 1555 peças e o Jornal da Madeira 1125.

As 2680 peças jornalísticas escritas em 84 dias atestam, certamente, um volume noticioso intenso e confirmam a sensação do fernesim mediático que se viveu em redor deste acto eleitoral antecipado. Poré,, para melhor perceber esta realidade procuraremos, no futuro, comparar estas eleições com outros actos anteriores.

o *astrisco*
publicado por Marco Freitas às 11:31

04
Dez 07
Pois é.. Será possível ignorar aquela primeira página em que o todo "isento" jornal o Público deu a vitória do "democrata" Chaves no referendo que se realizou na Venezuela?
Será preciso responder? Afinal, o Público erra... E faz notícias que não são correctas... Pois é... A qualidade do nosso jornalismo encontra neste caso um paradigma digno de registo. Será complexo de esquerda...? Talvez não... Mas que é estranho é... Melhor: talvez tenha sido um favor da nação amiga, um pedido especial de um primeiro-ministro que nunca faz pressões sobre a comunicação social, ou sobre os jornalistas, ou sobre os colegas de partido. Enfim, encerre o assunto como se se tivesse simplesmente tratado de um favor de amigos... Perdeste "compañero" mas não foi no "melhor jornal diário de Portugal"...

Tratando o assunto com a seriedade que merece: por favor, alguém faça alguma coisa pelo jornalismo Português... Faça-se um retiro de alguns anos para poder perceber que precisa de mudar.. Urgentemente... Os erros, as tendências são tantas que até dá dó...

MPF
publicado por Marco Freitas às 17:38

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