Depois do debate habilmente alimentado pela comunicação social, as páginas da política estariam a preparar-se para construir uma nova agenda mediática. Jardim mudou as cartas do jogo.
Politiquices à parte, para a comunicação social regional a decisão de Jardim abriu um novo período noticioso que alimentará um frenesim editorial, altamente favorável para quem faz da política um trunfo para aumentar as audiências e as vendas. O carnaval eleitoralista e política seguirá caminho até o verão e a comunicação social agradece.
O que se pede aos media neste período da vida da Região? Na minha perspectiva uma coisa essencialmente: clarividência.
Jardim encontrou motivos para se demitir após um período de convívio político aceso com um governo nacional socialista (sendo certo que não é só a questão da LFRA que provocou discordâncias).
Questionar de forma simplista as suas razões, a sua visão e pretensões é ignorar a sua experiência política e menosprezar a sua capacidade de leitura das nuances actuais e futuras da realidade regional e nacional.
Depois de encontrados os motivos, Jardim, numa atitude democrática (onde fica o tão propalado défice democrático neste quadro político?), fez propostas ao povo. São claras e não precisam de segundas leituras ou de teorias da conspiração para serem compreendidas.
Primeiro o povo deve decidir que tipo de governação quer, qual o partido, que tipo de defesa da autonomia quer e quem quer a representar a Região. Em democracia que escolhe e decide é o povo..
Segundo um novo paradigma de desenvolvimento é a segunda proposta de Jardim e, no meu ponto de vista, aquela que deverá estar no centro da campanha que se avizinha. Por isso, o que se deve pedir aos jornalistas numa altura destas é clarividência no sentido de darem a conhecer ao povo eleitor as propostas existentes, ou a ausência delas, e também no sentido de pressionar os políticos em batalha a abordarem o futuro da Madeira com seriedade e sem demagogias.
O que deve o povo esperar destas eleições?
Primeiro, que seja um referendo político a uma verdadeira autonomia, daquelas que permita dizer que não queremos nem mais um chavo do rectângulo mas que daqui também não sai mais nenhum tostão para o OE. Daquelas que só devemos respeitar soberania. .
Segundo, uma clarificação dos passos que a Madeira, como um todo, dever dar para alcançar um desenvolvimento sustentável e com ambição.
Quem defeder que não podemos ser auto-sustentáveis que fique a saber que isso não passa de receio de ir mais longe ou de puros desconhecimento porque basta olhar para o sucesso atingido por ilhas semelhantes ou mais pequenas que a nossa Madeira para perceber essa possibilidade. Temos os mecanismos necessários? Claro que sim. Podemos ter outros ou melhorar os existentes? É desejável que assim seja. Como tal o que povo deve esperar e exigir é que venham as propostas e não as críticas baratas e ignorantes. É disto que a Madeira precisa. Por isso, é importante que os meios de comunicação e os jornalistas seus profissionais sejam clarividentes e que usem do bom-senso na cobertura que vão fazer daqui para a frente.
Aos partido cabe a dimensão da propaganda e aos jornalistas a leitura atenta sobre os truques dessa propaganda.
O meu voto é que a comunicação social saiba expôr as fraquezas e as forças de umas ou de outras propostas. Para que isto aconteça os jornalistas terão de se desprender do tudo o que têm feito, escrito e esquematizado até agora.
Este é o momento do ponto sem retorno.