Comunicar pode ser fácil... Se no tempo que a vida nos permite procurarmos transmitir o essencial, desvalorizar o acessório e contribuir, num segundo que seja, para que a mensagem se assuma como tal e não como um universo de segredos...

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Abr 06
Penso que é uma expectativa legítima de qualquer leitor de jornais, ouvinte ou telespectador acreditar que o jornalismo praticado pelos profissionais do sector registe um contínuo desenvolvimento positivo e que, dessa forma, contribua para o crescimento social e participativo. Confiamos nas páginas dos jornais porque à partida confiamos nos jornalistas; confiamos num jornal porque criamos uma relação de proximidade com a informação.

Quando as expectativas são defraudadas, quando vemos que a informação noticiada nem sempre tem o melhor tratamento, que nem sempre tem fundo de verdade ou que está truncada, ou ainda, quando assistimos à escolha editorial dos temas, os laços de confiança quebram-se e deixamos de acreditar.

Vários especialistas internacionais do sector têm defendido uma refundação da comunicação social no mundo inteiro. Talvez seja altura de começar este processo aqui na nossa Região. Não podemos mudar o mundo, mas se cuidarmos deste pedaço de terra talvez alguma coisa mude efectivamente.

Não sou ingénuo ao ponto de acreditar que algumas das notícias que lemos, ouvimos ou vemos não surgem, por vezes, de esforços encapuçados, ou que têm objectivos de desinformação, ou que ainda não são prejudicadas pela incapacidade intelectual dos jornalistas. Felizmente, a regra não é esta.

Porém. numa altura em que há um apelo forte à responsabilidade social das empresas parece-me claro que as empresas de comunicação social devem sentir com maior acuidade esta responsabilidade e de a levar à prática com maior afinco.

Isto significa que os meios de comunicação social sérios devem negar-se à produção de notícias novelescas, sem respeito pelas normas básicas do código de conduta, como são os casos da regra do contraditório, da verificação da credibilidade da fonte e da dupla confirmação dos conteúdos informativos, do interesse público da notícia, da defesa da verdade e do respeito pela privacidade.

A tal responsabilidade social exigida às empresas é tanto mais valorizada pelas mesmas quando tiverem coragem para assumir os seus erros. E, considerando o forte impacto mediático de uma informação ou notícia, não há nada mais condenável de que um meio de comunicação não reconhecer um erro cometido repondo a verdade. Fazê-lo de forma encoberta é uma deslealdade para com o público.

Sobre a relação dos media com a sociedade e muito dos seus actores formais há um conjunto de aspectos que nos deviam preocupar. Como por exemplo o facto de à revelia de muitos princípios definir-se como matéria de interesse público práticas internas das empresas, organizações ou organismos privados.
Acredito que a influência da net junto do sector, a capacidade dos cidadãos para criarem canais de comunicação directos e exclusivos esteja a diminuir o interesse nos meios tradicionais. Mas é precisamente por esta razão que estes devem criar estratégias para se posicionarem como intervenientes na causa e nos assuntos públicos, de forma profunda, e não como transmissores de "bilhardices".

Sobre as conexões sociais que levam à produção de determinadas notícias, o público em geral ficaria a ganhar com a transparência dos actores, transparência que deve ser exigida em primeiro grau pelos próprios jornalistas às suas fontes. Nos dias que correm será compreensível que se produzam notícias sem a participação activa dos seus interessados? Se houver interesses escondidos, com certeza que sim.

Gera também alguma preocupação a leviandade com que se produz o texto das notícias, as contradições visíveis nos textos e os raciocínios erráticos.

O jornalismo é uma profissão muito séria e não pode ser transformada em novela ou no feudo pessoal de alguns dos seus actores ou intervenientes.
Penso que os media regionais dariam um passo importante em frente se criassem a figura do "Provedor do Leitor". È uma forma de perceberem como a sociedade vê a sua actividade e de corrigirem os seus erros.

Com frequência vimos os meios de comunicação social a exigirem uma maior abertura das organizações, de Governos e de empresas à sociedade, como sinal de transparência e de crediblidade.

Na minha opinião os meios de comunicação também deviam dar um sinal forte dessa abertura à sociedade ouvindo mais as suas preocupações e perspectivas.
A posição em que se encontram na res publica pode ser inebriante e levar a uma certa cegueira de que são omnipotentes na defesa da verdade e das causas públicas. Esse não é um privilégio exclusivo da comunicação social.

o *astrisco*
publicado por Marco Freitas às 18:51

06
Abr 06
Um canal aberto

No mundo global, há muito que as empresas desenvolveram canais privilegiados com os media. Um processo que desenvolvem através de contactos directos com os jornalistas que trabalham na sua área ou, de uma forma mais genérica, com as redacções dos diferentes órgãos de comunicação social.

Lá fora é assim. Em Portugal, também. Mas ainda subsistem empresas que preferem optar pela velha máxima de que o “segredo é o segredo do negócio”. Para o bem e para o mal, fecham-se em copas e nem fazem transpirar a mais pequena informação para os media.

Na Madeira, o fenómeno é similar ao país. Há empresas que há muito descobriram as vantagens de alimentar um canal de interesses mútuos entre a informação que gostam de fazer sair para o público. Paralelamente, os jornalistas agradecem porque, assim, asseguram uma parte continuada da informação.
As empresas sabem que mais vale ir gerindo as suas notícias nos bons momentos, sabendo que, depois, poderá vir a ser mais fácil amortecer os efeitos de uma eventual má notícia através do elo entretanto criado. Não que o jornalista vá branquear, mas, em virtude de conhecer a realidade da empresa, pode escrever com maior conhecimento, aliado ao facto de ter acesso o mais alto próximo possível à origem da fonte para um devido esclarecimento. Este factor é relevante porque, muitas vezes, eliminam-se boatos, contra-informação, ou mesmo informação deturpada. Se, na realidade, as notícias não forem agradáveis à empresa, pelo menos é publicada a explicação, também com a sua versão.

Poderíamos optar por apontar nomes de empresas que, no caso concreto da Região Autónoma da Madeira, trabalham com os jornalistas numa política que diria ser de porta aberta. No entanto, correríamos o risco de esquecer alguma. Seria uma deselegância.
Sem mencionar nomes, diria que existe uma meia dúzia de empresas e instituições que trabalham desta forma. As outras só esporadicamente noticiam. E, normalmente, o contacto surge por parte e insistência do jornalista.

Perante este cenário, pode questionar-se acerca do porquê de existirem tão poucas empresas com canais de contacto com os media. Sinceramente julgo que tudo se deve à formação dos empresários, com pouca apetência para noticiar a sua actividade. Não têm sensibilidade para mostrar o que fazem, inserido numa política de marketing.

Não vamos defender que devem inventar “factos” para serem notícia, porque isso acabaria de ser como o azeite, com a verdade a vir sempre acima. Mas, independentemente da dimensão da notícia, julgamos uma boa política abrir as portas e criar corredores com os media. Sobretudo, cultivar ligações com jornalistas, sem que com isso subsista nada mais do que um canal aberto.
Independentemente da amizade que possa surgir deve persistir o chavão de que “amigos amigos, negócios à parte”. Claro que esta teoria acabará por esbarrar, nem que seja de raspão, na questão prática onde os laços entretanto criados acabarão por deixar marcas e todos ficarão a ganhar.

Paulo Camacho
pacprivado@yahoo.com.br
publicado por Marco Freitas às 11:49

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