Comunicar pode ser fácil... Se no tempo que a vida nos permite procurarmos transmitir o essencial, desvalorizar o acessório e contribuir, num segundo que seja, para que a mensagem se assuma como tal e não como um universo de segredos...

27
Dez 05
O debate sobre “Ética no jornalismo e os públicos”, organizado pela Escola Atlântico, foi uma oportunidade de superior interesse para debater os mais diversos assuntos sobre o sector e ver em confronto os profissionais e os aspirantes a jornalistas.
Com uma rara excepção, designadamente o representante regional da classe jornalística no debate, denotei um desencanto generalizado pela profissão, até uma certa tristeza pelo actual estado de coisas do sector e uma auto-flagelação em excesso que até soou a falso. Pode ter sido uma coincidência na escolha dos convidados, simplesmente. Curiosamente, este estado de descontentamento choca com os resultados de Novembro do Barómetro da Marktest/DN/TSF que atribuem aos jornalistas a melhor avaliação no desempenho da sua profissão, ultrapassando os médicos, as forças de segurança, professores, engenheiros e empresários. E, claro, estão nos antípodas dos políticos.

Um outro aspecto curioso do encontro e que durante as horas que decorreu falou-se do universo do jornalismo, das suas realidades, perspectivas e soluções para os problemas, dos públicos, sem nunca ter havido um referência explícita ao impacto da net no sector. Um pormenor que traduz a distracção que reina no mundo da comunicação social nacional. Porque digo distracção? Porque grande parte da classe teima em aceitar os problemas e a necessidade de os resolver com medidas inovadoras, alterando, se for necessário, o actual status quo.
A questão da criação da ordem de jornalistas, assunto que foi abordado pela rama no debate, é uma dessas questões.

Já a dicotomia empresa de comunicação social – jornalistas é outro dos assuntos que precisa de ser clarificado na mente de muitos jornalistas portugueses.

O modelo editorial é outra das questões que levanta celeuma. E isso não passou ao lado do debate. Não existem fórmulas absolutamente correctas de relatar os factos mas umas mais claras do que outras, seja recorrendo a perpectivas objectivas ou subjectivas. O importante é sabermos o método utilizado por este ou aquele jornal. O modelo híbrido que prevalece no nosso país produz imensas dúvidas, na essência, porque não defende um consumo bem definido da informação pelos diversos públicos. Há quem defenda o modelo anglo-saxónico. Com alguns aperfeiçoamentos é um modelo bastante realista porque não anula a subjectividade inerente às questões sociais e humanas, enfim, a todas as questões tratadas na comunicação social.

Entre a apresentação conceptual de João Ferreira (SIC Notícias), o posicionamento percursor de Miguel Martins (Correio da Manhã), a criatividade e ousadia de Ricardo Oliveira (DN-Madeira), a palavra redonda de J. Manuel Freitas (A Bola), as referências deontológicas de Paulo Sérgio Santos (Rádio Renascença) e o testemunho pessoal de Ana Lourenço (SIC Notícias) encontramos muitos argumentos para olhar para o jornalismo como uma profissão de futuro. É preciso vontade de transformá-lo e essa necessidade ou desejo foi mais clara na intervenção do representante regional.
Foi tanto assim que houve um debate interessante e pode dizer-se que a escola desempenhou o seu papel ao contribuir para a análise dos temas já referidos.

Uma nota final para referir a escassa presença de jornalistas regionais no evento. Sabendo o número aproximado de jornalistas que exercem na Madeira, descontando os que trabalharam naquela manhã de Sábado – e sabemos que são em menor número que durante a semana – como avaliar esta ausência acentuada. Mantenho a minha convicção já expressa nesta nota: por pura distracção, e acrescentar desleixo não é exagero. Aos que estiveram presentes é óbvio que esta crítica preocupada não se aplica.

O jornalismo pode ser uma profissão de futuro...Mas, para que tal aconteça, as mentalidades têm de mudar.
publicado por Marco Freitas às 15:50

Ainda não tinha terminado a campanha eleitoral para as autárquicas e os media, com especial destaque para a televisão, inauguravam um turbilhão informativo sobre as presidenciais, campanha e eleições que só decorrerão em Janeiro.

Que política editorial, que bem público presseguem os meios de comunicação social para invadirem a casa dos portugueses com política sem fim?
Será que não existem alternativas ao manancial de notícias e índole política. Para além do mais a perspectiva informativa é muito pouco inovadora, e como sempre, navega em redor das polémicas que conseguirem criar e gerir na esfera pública.

O estudo realizado nos EUA sobre as mudanças de atitude do eleitorado (e que serviu de barómetro da cobertura meditática das presidenciais de 2004) revela dados interessantes tanto para os políticos como para os mass media.

Neste estudo, os meios de comunicação social, a publicidade política, as campanhas e os seus instrumentos de propaganda, os candidatos e os próprios eleitores estiveram sob escrutínio.

A principal conclusão da análise é que há uma quebra aguda nos níveis de confiança na propaganda como fonte de informação e que a publicidade tem menos impacto nas suas opiniões.

Independentemente de ser a televisão o meio preferido para a informação política e os jornais uma segunda escolha e de se saber que a internet está a ganhar terreno aos restantes mass media – indicador que não deve ser menosprezado nesta relação entre a política e os eleitores – o que está verdadeiramente em questão nos dias de agora é o lobby que está ser desenvolvido pela classe política para convencer a opinião pública, o povo que vota, que a solução do nosso país passa pela visão que têm do nosso país, que são os mais esclarecidos sobre as estratégias que os país deve seguir.

Para conseguir vincar os seu ponto de vista precisam da comunicação social, da sua anuência, da sua passividade ou sede de audiências. O ciclo é vicioso e está viciado e a classe política sabe tirar o máximo proveito das fraquezas da comunicação social.

O panorama não é animador mas a solução passa indubitavelmente pelos jornalistas.

O aliamento da população dos assuntos que determinam o sucesso ou fracasso do nosso país como tal deve ser estancado, mas não da forma que os políticos querem. O futuro do país não passa pela politização de tudo o que mexe. Tem sido assim desde o 25 de Abril e ainda não assistimos a um verdadeiro movimento que diga que o período revolucionário e os seus participantes podem descansar que o país saberá seguir em frente. Que liberdade existe na decisão de um eleitor depois do excesso de propaganda a que é submetido diariamente?
Voltando ao papel crescente da internet na democracia: ainda está por se confirmar os seus efeitos, mas com o tempo depressa se confirmará que a queda de confiança nas mensagens transmitidas pelos media de massa é uma reacção ao status quo que ensina que devemos seguir uma política sem informação avalizada. Só um eleitor informado dá o seu voto em perfeito equilíbrio. E a informação transmitida tem sido muito pouco equilibrada e objectiva.

Por isso, não é por excesso de informação que a classe política vai conseguir o apoio inequívoco mais sustentado da opinião pública e que a população vai aceder aos seus constantes apelos.
publicado por Marco Freitas às 15:49

Não posso ter uma opinião insenta sob os blogs. Primeiro, porque produzo e alimento um blog e, segundo, porque não há opiniões isentas, sem direcção.

Como tal, não percebo a análise aos efeitos do “mundo blog” que menosprezam a questão de princípio: a da sua existência.

As potencialidades da utilização dos blogs, - onde se detecta o espaço de liberdade que este instrumento de informação permite -, não entronca com o ataque desferido àqueles que utilizam os blogs com fins menos claros, sob anonimato.

O risco de vermos na blogesfera notícias e informações que roçam o insulto e a infâmia é, sem dúvida, grande.
Mas, apelar à defesa de um discurso entrencheirado em padrões ditos normais, condicionado por regras socialmente aceites, e, obviamente, sujeito a um auto-controlo comportamental que roça amiúde a hipocrisia, é negar o desenvolvimento natural de um instrumento de informação que precisa de toda a liberdade para encontrar o caminho do aperfeiçoamento. A selecção será feita forma natural porque o público é quem decide o que merece vingar no mega universo da net.

A liberdade de expressão e de manifestação de ideias é tão válida para a imprensa como para os blogs. Antes dos blogs já tinhamos jornais de toda a espécie, para todos os públicos e com políticas editoriais as mais díspares possíveis, encorporando objectivos diferentes, defendendo causas, interesses e usando da sátira.

Os blogs não carregam consigo qualquer função que incentive de per si uma vontade ou intenção de prejudicar terceiros. São de facto um instrumento de comunicação, um veículo informativo que, a exemplo de outros, encorpora a boa ou má-vontade dos autores e participantes. É destes que a nossa preocupação deve cuidar.

Defender a liberdade implica querer correr riscos. Aceitar a liberdade implica aceitar que esta é um processo que aprende com o aperfeiçoamento da relação dicotómica entre o bom e o mau, entre a verdade e a mentira, a transparência e o segredo, entre a circulação aberta da informação e os actos encapuçados de censura.
A perspectiva defendida pela autora do texto a que me refiro é comprensível mas os ataques infudados a que se refere ficam sem identificação, sem a idêntica clareza que solicita aos anónimos.

Antes de se tirar conclusões precipitadas há muitas questões para colocar sobre este tema.
Há bons e maus blogs ou só blogs? Do ponto de vista do consumidor informativo, qual a diferença entre uma informação divulgada por um bloguista anónimo e aquela que um jornalista redige protegendo a pretensa credibilidade da informação sob a capa do anonimato da fonte?
Porque é que os blogs estão a ganhar terreno ao jornalismo formal e tradicional? Será que a confiança na informação transmitida pelos meios tradicionais está a diminuir?

Ao abrigo de várias teorias, princípios e interesses, os media tradicionais também não possibilitam o destilar de ódios e faltas de respeito por terceiros?

O jornalismo ainda não é uma prática profissional madura. Todos sabem disso mas a maioria não o admite... O jornalismo é um espaço de comunicação em constante evolução e adaptação. Então porque exigir dos bloguistas aquilo que um jornalista ainda não logrou alcançar?
mpf

Espero contribuir para uma reflexão séria sobre este assunto, sugerindo algumas passagens do livro “Nós, os media” de Dan Gilmor:

“De muitos para muitos, de alguns para alguns. Nestes dois casos e em todos os outros, o blogue é o meio de comunicação.”

“(blogue)... é um jornal online, composto de hiperligações e apontamentos em ordem cronológica invertida, o que quer dizer que o apontamento mais recente é o que ocupa o topo da página.”

“Será possível que a liberdade editorial absoluta conduza apenas ao caos?”

“A cobertura de importante eventos por jornalistas não profissionais é apenar uma parte da questão. O que também interessa é o facto de as pessoas teram oportunidade de falar. É um dos mais saudáveis melhoramentos nos media desde há muito tempo. Estamos a ouvir novasz vozes – não necessariamente de individuos que desejam ganhar a vida a falar em público, mas de pessoas que pretendem dizer o que pensam e o que ouviram, mesmo que só possam falar para uns poucos”.
publicado por Marco Freitas às 15:48

Os meandros das relações entre as empresas e os jornalistas

Habitar uma sociedade mediática é muito mais do que reconhecer a sua existência, é saber enquadrar-se nas suas realidades e tirar o máximo proveito das vantagens que pode proporcionar. Não consegui-lo tem sido a grande falha de muitas empresas que preferem gastar milhões de euros com campanhas de marketing fenomenais e menosprezam a força da comunicação. Num mundo e num mercado complexo, fértil em ruído, saber comunicar e transmitir informação e ser objecto de notícia pelas razões certas é uma virtude e uma vantagem. Dizer que uma grande fatia do sucesso da comunicação externa das empresas passa por uma exposição mediática positiva não é nenhum exagero. Só aquelas empresas que ainda não experimentaram o contributo que a comunicação social pode dar a nível das relações com os diversos públicos-alvo é que continuam a aposta desenfreadamente em publicidade.
Muitas empresas receiam abrir as suas portas aos jornalistas porque temem ficar demasiadamente expostas. A verdade é que se não têm nada esconder, se desenvolvem processos de comunicação interna eficazes, as relações com os media, mesmo em situações consideradas de crise, serão sempre úteis para os objectivos da empresa.
Um aspecto fundamental nas relações com os jornalistas passa pelo conhecimento profundo dos profissionais, das redações, das políticas editoriais e, enfim, pela aceitação do tempo mediático. O tempo dos jornais, rádios e televisões não é o mesmo das empresas. Os interesses das empresas e dos media são obviamente diferentes mas são certamente conciliáveis.
Ter um boa história, com os elementos certos - como o herói, um fio condutor, uma ponta de emoção e um princípio, meio e fim - é o primeiro passo para obter a atenção dos jornalistas. Um jornalista reconhece uma boa história em segundos, por isso é fundamental aprender como contar de forma rápida e sucinta as informações que se pretendem ver publicitadas.
Mesmo uma história com os melhores ingredientes se for enviada para uma redacção pouco interessada na matéria há o sério risco de não haver notícia publicada ou então de encontrá-la nas páginas de classificados uma breve. Para o efeito, criar o inesperado e eventos diferentes é meio caminho andado para captar a atenção dos mass media. A criatividade e novos pontos de vista habitualmente dão bons resultados.
Para a convocação acertada dos media e para assegurar um reflexo interessante das informações é importante atender às audiências, usar um critério para a selecção dos media, estudar as publicações, os canais, quem cobre os tópicos que interessam. Este estudo dos “media” ajuda a perceber a sua política editorial, o formato preferido e o tipo de atitudes que revela perante os diferentes temas. De facto, as relações com os media devem ser sujeitas a uma estratégia que procure responder individualmente a todos os medios de comunicação.
Para além dos aspectos técnicos, sem uma atenção particular ao estabelecimento de relações cordiais com os jornalistas qualquer campanha de comunicação será vetada ao fracasso. Estas relações positivas podem ajudar uma empresa a perceber que orientação à informação irá ter. Mais, a confiança é fundamental para a relação dos jornalistas com as fontes e vice-versa. Independentemente das boas relações existentes é importante ter a noção de que um jornalista está sempre a trabalhar, tudo pode constituir motivo para notícia.

Apesar de encontrarmos em muitos livros sugestões sobre a melhor forma de entrar em contacto com os jornalistas, a verdade é que o bom-senso deve reger esses processos, tendo sempre em linha de conta pormenores como o tempo do jornalista, a segurança como se transmite a história e a abordagem da informação. Porque nem sempre um jornalista consegue dar seguimento imediato a uma informação a paciência pode ser um trunfo. Em vez de desesperar entre em contacto com o jornalista para saber se tem toda a informação necessária para completar a notícia. Ficará a conhcer em que ponto está o seu desenvolvimento.
Por fim, quando tiver de enviar uma informação a uma redacção é importante adoptar uma abordagem jornalística e escrever a nota ou o press release de forma clara e sucinta. Saber como os jornais escrevem, que tipo de títulos usa, as histórias que preferem, evitar os clichés e dotar a informação de um cunho que identidique a empresa nas diferentes situações em que contacta com os jornalistas é uma maneira de mostrar que os interesses dos media não passam despercebidos.
Em conclusão, o diálogo e o equilíbrio nas relações com os diferentes media são pedras fundamentais na construção do edifício de uma campanha de comunicação séria. Para além disto, a pró-actividade, a inovação, a colaboração activa e o respeito pelas regras dos jornalistas complementam o leque de condições para manter contactos bem sucedidos com os mass media.

cicerodebraga@netmadeira.com
publicado por Marco Freitas às 15:46

Um guia publicado pelos Repórteres Sem Fronteira (RSF) e patrocinado em parte pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros Francês classifica o bloggers como os “novos heraldos da livre expressão”, porque proporcionam conselhos como se deve fazer um blog e corrê-lo anonimamente. Este guia tem como objectivo ajudar os dissidentes cibernautas a evitar a censura em países como o Irão, Vietname e Cuba. A China também devia estar incluída neste leque de países que condiciona a circulação de informação via net e cujos cibernautas devem ser ajudados.


Cerca de 150 jornais em todo o mundo já recorrem ao puzzles Sudoku e o número de interessados continua a subir. A única razão para este interesse é que este puzzle de lógica numérica é viciante, como prova a moda que corre nos EUA nos últimos anos. Para as empresas de jornais este jogo de lógica já é considerado o jogo ideal para cativar novos leitores. Aliás, jornais de renome como o New York Post ou o Washington Post já aderiram à moda porque o crescimento das audiências é exponencial.


Com pouco investimento publicitário, uma boa actividade ao nível de notícias e a melhor relação investimento/share of voice/notoriedade espontânea em top of mind, a BMW foi a marca que atingiu uma melhor perfomance segundo os resultados que sairam do Estudo de Automóveis elaborado pela Memorandum, no qual é cruzado o conteúdo de informação veiculada em Agosto pelas principais marcas de automóveis com o investimento publicitário e a notoriedade da marca. Os resultados são obtidos através de um estudo de opinião.


Os jornais nacionais registaram este ano uma movimentação anormal a nível dos seus quadros directivos. Só o 24 Horas, o Independente e o Tal&Qual não fizeram alterações. Apesar das maiores alterações se terem registado no Diário de Notícias, o caso mais mediático é a saída de José António Saraiva do cargo que desempenhava no Expresso.
Estas alterações têm gerado alguma instabilidade no sector, numa altura em que precisava do máximo de tranquilidade para fazer face à crise que tem atingido o sector directamente e indirectamente através da quebra de receitas publicitárias.
publicado por Marco Freitas às 15:45

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