Comunicar pode ser fácil... Se no tempo que a vida nos permite procurarmos transmitir o essencial, desvalorizar o acessório e contribuir, num segundo que seja, para que a mensagem se assuma como tal e não como um universo de segredos...

16
Set 10

O regulador dos média considera que a Região Autónoma da Madeira, através do governo, "está a pôr em risco objectivo e grave" a pluralidade na imprensa, ao atribuir apoios financeiros à proprietária do "Jornal da Madeira", de que é accionista.

 

A posição consta de uma deliberação tomada esta quarta-feira pelo Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e surge após um pedido de parecer da Autoridade da Concorrência.

 

A ERC insta "o Governo Regional da Madeira a adoptar, no imediato, as providências necessárias e adequadas à supressão dos efeitos nefastos que a sua actuação tem produzido no subsector da imprensa diária da região".

 

Tais providências, segundo a ERC, devem implicar a distribuição não discriminatória, pelos diferentes órgãos de comunicação social, do "investimento publicitário oriundo da Região Autónoma", com base em "critérios de equidade, proporção e transparência", a bem do "pluralismo político e económico".

 

Em comunicado, a ERC insiste que a Região Autónoma da Madeira, enquanto sócia maioritária da empresa proprietária do Jornal da Madeira, deve submeter "as suas intervenções na gestão da empresa aos princípios de transparência e proporcionalidade", para garantir "a salvaguarda do pluralismo interno e da independência perante os poderes públicos".

 

O Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social determina ainda a "reformulação do estatuto editorial" do jornal.

 

Em resposta à ERC, durante as diligências processuais, a empresa Jornal da Madeira e o Governo Regional da Madeira invocaram o cumprimento estrito da lei no que toca aos apoios financeiros ao diário e aos princípios de independência.

publicado por paradiselost às 09:55
editado por Marco Freitas em 25/01/2013 às 16:16

Marco, gosto muito de debates quando há duas posições a defender, argumentos para trocar e as partes interessadas têm parcelas de razão a justificar. Neste caso, não há defesa possível para a posição do Governo Regional e da EJM. Só por claro comprometimento com interesses politico-partidários ou simples má-fé. É uma situação clara, sem duas leituras e não é possível encontrar argumentos honestos para justificar esta barbaridade cometida pelo Governo Regional. Nem há espaço para as posições 'politicamente correctas' de querer agradar a Deus e ao Diabo. Neste caso, a consciência de cada um já deu a resposta, mesmo que digam e escrevam o contrário. Um abraço
Jorge de Sousa a 16 de Setembro de 2010 às 15:35

Viva Jorge, mas as coisas podem não ser bem assim... até porque se me recordo, a Constituição permite que os Governos detenham meios de comunicação social... Aliás, porque pode um Governo ter um ou mais canais de televisão e não pode ter um jornal?... Isto não é dúbio... para além de rádios e de agencia de informação...

A forma editorial como se gere e usa esses meios é que pode ser colocada em cima da mesa... Agora, proibir, seja lá quem for, de deter formas de expressão e de informação, parece-me algo não totalmente democrático... Ou a democracia e a liberdade de expressão só é garantida pelos privados? Atire a primeira pedra quem puder jurar que os meios de comunicação social, de qualquer país por esse mundo fora, podem garantir que totalmente isentos e independentes do poder político...

Permite-me discordar de ti, pois acho que há tema para debate sério e construtivo e não para guerras inúteis que prejudicam todos os que trabalham no sector...

Acho que há lugar para todos, o povo, o leitor é quem tem de decidir... Aliás, ainda ninguém me conseguiu responder a isto: se o Jornal da Madeira desse lucro esta discussão seria desenvolvida nos termos que tem sido desenvolvida... A questão não é fictícia...

Quanto às opções editoriais... Bem... mais uma vez é um assunto que os leitores devem decidir... Aparentemente, ao longo destes anos têm preferido o DNM por alguma razão... o que faz do Diário o marco de referência que é... Mas, e se o leitor mudar de opinião...? Que leitura deve ser feita?

Depois, a manutenção do JM nas mãos do Governo é algo que tem sido referendado com frequência... Ou seja, o JM é um dos temas que os partidos da oposição mais atacam em campanha e que, por isso, não passa despercebido aos eleitores que têm votado Jardim nestas décadas... AH! e não se pode dizer que seja pelos níveis de audiência do Jornal, já quem tem mandado nesse campo tem sido o DNM.

Como vês, acho que há tema para debate... e há espaço para responsabilizar aqueles que contribuíram para que a situação se tornasse insustentável... para os dois lados.

grande abraço...

Marco, não está em causa deter, ou não, o JM. O que está em causa é a distorção do mercado, o dumping na publicidade, o ser um falso gratuito, acumular um passivo assutador e provocar a degradação da situação financeira dos concorrents.
O GR pode ser dono de um órgão de comunicação social mas, sendo assim, este seria um ocs público e teria de cumprir esse estatuto, a começar pela imparcialidade. Basta ver as páginas do JM para ter a certeza de que isso não acontece. Cada dia é pior que o anterior.
Não posso admitir que um Governo utilize os meus impostos para colocar o meu posto de trabalho em risco e criar um órgão oficioso do partido do poder. Isso, penso que não tem muita discussão.
Jorge de Sousa a 16 de Setembro de 2010 às 15:37

Jorge,

concordo contigo... Também um meio de comunicação social público deve preservar a imparcialidade e a objectividade, conceitos muito queridos ao jornalismo... E que fazem cada vez mais falta num sector que começa a ser marcado pelo "jornalismo de cidadão" na internet - este sim, caracterizado pela subjectividade... Mas a objectividade não será uma soma de subjectividades? Afinal, todos temos formas diferentes de ver as coisas, muito pessoais ou mais socializadas...

Concordo também contigo quanto ao bom uso dos meus impostos... Mas também aqui as coisas podem ser dúbias: ora, porque alguém acha que os seus impostos podem ser usados para a manutenção do Jornal ora porque alguém não quer ver os seus impostos aplicados numa empresa pública que não rende...
O que eu digo: é que agora, pelo menos não pagamos duas vezes... ou seja, antes pagávamos com os impostos e ainda tinha de comprar o Jornal... Afinal, os meus impostos tb seguem para os canais públicos de comunicação, esses mais influentes que o JM e nem por isso mais rentáveis...

Quanto ao comportamento do Governo, insisto que este será medido e aprovado o reprovado nas urnas... Quem sou eu, pequena formiguinha para me substituir a quem elege e dá confiança a este ou àquele governo e ao seu programa e às suas acções... Posso não concordar com um tipo de governação, mas não posso ignorar o voto da maioria... Afinal, em democracia, ainda é a maioria que manda...

Em termos editoriais, há uma coisa que o jornalismo anglo-saxónico se distingue do latino e sul europeu... Pela clarividência das opções, pela orientação política que segue, pela orientação social que defende, pelas causas e personalidades que promove... _Os primeiros não se importam de ser conectados com esta ou aquela vertente política, e escrevem e defendem temas a propósito, mesmo dando notícias de outras posições... Os segundos, os latinos, preferem a balbúrdia informativa, o evitar a tomada de posições, o confundir para render informação, a prática de dar uma no cravo e outra na ferradura... São opções...

O que eu acho: é que as empresas de comunicação não devem temer as audiências e, por isso, devem ser claros... Podem ser penalizados ou beneficiados no mercado... Agora, o leitor têm direito de saber ou de poder descortinar porque é que determinada notícia tem determinada orientação... Falta um amadurecimento deste aspecto....

Agradeço os teu comentários atentos...

Marco Freitas a 16 de Setembro de 2010 às 15:56

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