A passagem do modelo de negócio dos jornais de papel para digital e a sustentabilidade das empresas de comunicação social são as preocupações que estarão no centro do 62.º Congresso Mundial de Jornais, que começa no final do mês na Índia.
Subordinado ao tema "Jornais: Multimédia, um negócio em ascensão", o congresso mundial promovido pela Associação Mundial de Jornais (WAN na sigla em inglês) vai analisar e discutir as estratégias de sucesso das empresas de media líderes em todo o mundo.
João Palmeiro, presidente da Associação Portuguesa de Imprensa (API), que é membro da WAN, afirmou à Lusa que um dos principais temas em discussão no encontro é a forma como as empresas vão fazer a transição do modelo de negócio do papel para digital.
"Por um lado, há o modelo de negócio de publicações com toda a actividade centrada no papel, mas por outro a necessidade de ter actividade centrada na multimédia", disse.
"Hoje há aplicações mais concretas. Há que ter em consideração o crescimento do negócio multimédia nos jornais, as assinaturas, mas sem esquecer que a força e o poder do impresso é muito grande", salientou.
O congresso vai contar com a presença de um jornalista português como orador, o que já não acontecia há muitos anos, disse o presidente da API.
O jornal "i" recebeu um convite directo do presidente da WAN por causa do entusiasmo que "i" está a suscitar no estrangeiro, explicou o director da publicação, Martim Avillez Figueiredo, que estará presente num dos painéis do congresso.
"É um jornal muito inovador, nascido já na era pós-internet, que surgiu para responder a esta nova realidade, e fez logo a sua adaptação", ao contrário dos outros jornais que começaram por ser impressos e tiveram gradualmente que se adaptar ao digital, considerou o responsável.
A presença de Martim Avillez no congresso servirá precisamente para mostrar um produto "com grande êxito lá fora" e que se constituiu "como uma marca, mais do que como jornal de informação", explicou.
O outro tema que vai dominar o debate é o ambiente e o impacto da sustentabilidade das empresas.
"As empresas de media têm que ser empresas de economia sustentável, têm que respeitar o ambiente, o mercado do carbono e a marca da água, ou seja, quanto é que contribuem com emissões de carbono e gastos de água", explicou João Palmeiro.
A organização espera este ano ultrapassar o recorde alcançado em 2008 na Suécia, com1 1.800 participantes oriundos de 113 países de todo o mundo.